terça-feira, 8 de julho de 2014

Autobiografia na Música - A Chave do Sol - Capítulo 128 - Por Luiz Domingues


E esse vocalista surgido antes do Fran Dias, apareceu de forma inesperada para trajetória d'A Chave do Sol. Houve um evento na Praça Benedito Calixto, com bandas desconhecidas em um domingo a tarde, nesse mês de agosto de 1984. Eu, Luiz Domingues; Rubens Gióia e Zé Luiz Dinola, fomos prestigiar, mesmo porque estávamos a começar um relacionamento com a cúpula do Teatro Lira Paulistana, e recentemente apresentamo-nos com sucesso, nesse teatro.

Uma determinada banda foi encaixada de última hora no evento, mas o baixista estava desprevenido, e alguém da produção do Lira, pediu-me a gentileza para emprestar o meu baixo para o rapaz poder tocar. Sinceramente não lembro-me porque eu estava com o meu baixo ali em mãos na ocasião, pois a nossa banda não iria participar. Mas enfim, eu o socorri e a banda pôde apresentar-se. A banda não tinha nada demais, pois era muito fraca. Parecia o som da banda gaúcha, "Os Garotos da Rua", banda que tinha um pouco de projeção no Rio Grande do Sul, mas esta, mostrara-se muito piorada.
 
Por coincidência, eles também eram gaúchos, e estavam a apostar as suas fichas nessa apresentação para tentar a sorte em São Paulo, o que prova que sonhar é gratuito, mas tornar realidade a aspiração, custa muito caro. Porém, uma particularidade chamou-nos a atenção : o vocalista tinha um potencial vocal muito bom e a   presença de palco interessante, ainda que precisasse de muita lapidação. O importante é que detectamos um potencial forte no rapaz. Lembro-me de nós três a entreolharmo-nos durante a apresentação da banda, e comentarmos sobre isso. 

O Rubens foi esperto e assim que terminou a apresentação da banda, o abordou a sair do palco, e convidou-o para um teste com  A Chave do Sol, no dia seguinte. Na hora, o rapaz aceitou, pois ele mesmo sabia que seria muito difícil conseguir algo para a sua banda e que na verdade, admitia que tentava a sorte individualmente, também, e os seus colegas sabiam disso. Portanto, sem ferir nenhuma questão ética, o convite foi feito, e o sujeito aceitou submeter-se a um teste e uma conversa. Trocados os contatos, o Rubens combinou de buscá-lo no local onde hospedara-se e no dia seguinte, às três da tarde, o rapaz estava em nosso ensaio, pronto para submeter-se a um teste. 

Lembro-me que foi excepcional o seu desempenho, e após algumas músicas tocadas (clássicos do Rock 1960/1970), formalizamos o convite, e ele aceitou, efusivamente. Deu para sentir nele, a empolgação, como se estivesse com um bilhete de loteria sorteado em mãos. Ele conhecia A Chave do Sol, graças às nossas aparições no programa: "A Fábrica do Som", que fora retransmitido para o Rio Grande do Sul, via TVE gaúcha. Naquele dia mesmo, o levamos à rodoviária, pois ele precisava voltar imediatamente ao sul, e ficamos com a incumbência para providenciarmos um lugar para ele morar em São Paulo. 

Ele voltaria em poucos dias, com a sua bagagem definitiva, e tivemos que apressarmo-nos para arrumar um lugar. Mal sabíamos contudo, que seria uma etapa marcada por gerar muitas histórias a ser acumuladas, que hoje reputo como cômicas, mas muitas, ao contrário, foram dramáticas à época. Aperte o cinto, leitor, pois contarei todas as que lembrar -me sobre tal episódio na trajetória da nossa banda, em breve. Foi a "fase Chico Dias" que iniciou-se para A Chave do Sol, que foi muito rápida, porém intensa...

Continua... 

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