quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Autobiografia na Música - Patrulha do Espaço - Capítulo 220 - Por Luiz Domingues

Antes de retomarmos os nossos compromissos que estavam serem agendados, uma proposta surgiu para tocarmos em uma casa noturna paulistana que era Rocker, não vou dizer que não, mas observava uma orientação nada confortável ou sendo mesmo direto, inadequada para uma banda como a nossa. 

Tradicional reduto de admiradores do Hard-Rock dos anos oitenta, o Manifesto Rock Bar, eu poderia afirmar se tratar de uma casa temática, não só pela sua decoração direcionada à essa estética, quanto no visual dos seus frequentadores e de quase toda banda que lá se apresenta regularmente. 

Nenhuma novidade para uma cidade como São Paulo, onde existem casas temáticas as mais diversas, portanto, não era de se surpreender que encravada em um ponto do bairro do Itaim-Bibi, na zona sul de São Paulo, houvesse tal casa voltada para os saudosistas dessa estética professada na década de oitenta.

Bem, sobre o Hard-Rock oitentista, acho que ao longo da minha autobiografia, eu já expressei amplamente o que eu penso, e minha contrariedade sobre tal estética tem o peso da minha experiência pessoal de nela ter militado, a contragosto.

Então, quando surgiu o convite para a Patrulha do Espaço tocar, opiniões em contrário surgiram, a minha incluso, naturalmente, mas ao mesmo tempo pesou o fato de que ficáramos dois meses sem shows desde a micro temporada realizada no Centro Cultural São Paulo, e que embora já tivéssemos perspectivas de shows para breve, todos seriam cumpridos em cidades interioranas de São Paulo, e um nova incursão ao sul, desta feita a visitarmos cidades do Paraná e Santa Catarina. 

Portanto, como ficaríamos meses sem tocar em São Paulo, aceitamos fazer o nosso show nessa referida casa.

A estrutura da casa na época ainda era precária (anos depois, tal estabelecimento passou por reformas, quando passou a contar com um palco bom a conter um PA e iluminação compatíveis com as suas dimensões etc), portanto, mesmo ao termos naquela época um palco reduzido e um PA com pequenas dimensões, o nosso esforço se minimizou ao só levarmos o nosso backline, divulgar e esperar por uma boa apresentação, mas não foi o que aconteceu.

Infelizmente, o nosso público não compareceu como deveria, pois tratava-se de um dia útil (quinta-feira), dia pouco convidativo para sair de casa, em tese, e em meio a um ambiente que não tinha tradição para o nosso específico público. Por outro lado, o habitue da casa também não nutria simpatia por nós, naturalmente. O típico frequentador daquela casa noturna, gostava de artistas oitentistas tais como: Motley Crüe, Ratt, Poison e outras bandas dessa seara/época.

E não deu outra, assim que chegamos ao local para tocar a noite, os pouco presentes pareciam estar paramentados para participar de um vídeoclip do "Dokken" ou "Quiet Riot"... ou seja, me senti na "Praça do Rock" em 1984. 

Claro, mesmo nas condições mais inóspitas, como em todo o show, nunca deixávamos de ter presentes os fãs da Patrulha do Espaço, ainda que em número bem reduzido. Foi um show profissional, mas sem nenhuma comoção, com toda essa ambientação inadequada em torno de nós. Aconteceu em 3 de outubro de 2002, com cerca de trinta pessoas presentes na casa.

Doravante nós teríamos de entrar a bordo do "azulão" e partir para a cidade de Londrina, no norte do Paraná.

Continua... 

Nenhum comentário:

Postar um comentário