quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Autobiografia na Música - A Chave do Sol - Capítulo 81 - Por Luiz Domingues


E assim, fomos para o palco novamente, junto com a banda : "Arara de Neon". Os rapazes haviam apresentado o seu som anteriormente e no que eu que pude observar, eram bons músicos. A orientação primordial deles era o Reggae, com intenção Pop. Tinha característica moderna (oitentista), mas não eram fechados ideologicamente com aquela estética, aparentemente, pois seu visual e postura era bem despojado, ao não adotar nada que os caracterizasse fortemente ao Pós-Punk e suas ramificações ou quaisquer outras escolas oitentistas. Pareciam "desencanados", para usar uma gíria da época.
Ali em cima do palco, combinamos tocar o tema : "Johnny B. Good", do Chuck Berry. Tratava-se de um clássico; em torno de uma harmonia quadrada com três acordes, e pouca possibilidade de alguém cometer erros. Então, lembro-me do baterista deles sugerir ao Zé Luiz, que tocasse bateria enquanto ele mesmo ficaria na percussão. Ele era o único músico que eu conhecia daquela banda ao menos de vista, e chamava-se, Alaor (não recordo-me de seu sobrenome, mas antes que especulem, não é o Alaor Neves, que é meu amigo e este eu conheço bem, evidentemente). Eu combinei com o baixista, para que eu tocasses nas partes mais graves, e ele ficaria na região aguda. Eu disse-lhe que faria escalas de Rock, para manter a linha básica de baixo, e ele poderia ficar livre para fazer frases soltas. E o guitarrista deles, combinou rodízio de solos com o Rubens.

E assim tocamos... não foi um desastre, mas revelou-se nítido o desconforto, pois os rapazes deviam ter outra escola de música, e o Rock não era exatamente a sua praia. Essa jam improvisada foi ao ar. Ninguém ainda postou no You Tube, que eu saiba, mas oportunamente eu poderei fazê-lo. Só não o fiz ainda, porque a qualidade da imagem VHSda minha cópia, não está muito boa, e essa performance é certamente algo que não acrescenta nada à memória d'A Chave do Sol, só a justificar-se mesmo por tratar-se de um material raro e certamente curioso. O lado bom em ter participado disso, foi que ganhamos mais alguns pontos no conceito do pessoal da produção, e aliado ao sucesso evidente que fizéramos perante o público, tanto ao vivo, quanto telespectadores (muito mais cartas chegaram à TV Cultura, ficamos a saber), selamos dessa forma, a nossa participação no programa especial de um ano de existência d'A Fábrica do Som, que seria gravado no mês posterior, novembro de 1983. Para encerrar, acrescento que novamente concedemos entrevista à Rádio Cultura AM, que cobria o programa e transmitia um compacto dos melhores momentos, aos sábados, antes da transmissão da TV. Mais uma vez o repórter perguntou-nos sobre um eventual disco a ser lançado, e desta vez nós estávamos com uma perspectiva em vista. Uma ideia que estava por amadurecer rapidamente, culminaria em concretizar-se no final de 1983, mas falarei sobre isso, posteriormente.

Continua... 

Nenhum comentário:

Postar um comentário