quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Autobiografia na Música - A Chave do Sol - Capítulo 70 - Por Luiz Domingues


Do camarim, ouvimos o público a adentrar o recinto, e pelos gritos, sabíamos que lotaria completamente o teatro. Aliás, superlotaria, pois costumava abarrotar, e dessa forma, ter gente além da capacidade oficial, permitida. Então, fomos chamados enfim. A bateria e o amplificador já estavam próximos, e foi rápido montá-los para a nossa performance, apesar da má vontade dos técnicos, que faziam sinais acintosos de descontentamento entre si, por conta de nossa exigência. Se dependesse deles, todo mundo tocaria no mesmo equipamento, e com o set up de equalização igual, tudo flat. São comodistas (evito usar outro termo mais adequado, para não pesar na narrativa), e pouco importam-se para as necessidades técnicas diferenciadas de cada artista. 

Logo que entramos no palco e aprontamo-nos, foi possível sentir a expectativa no ar. Éramos ilustres desconhecidos do público, e tudo o que construímos ao longo de nove meses de trabalho, a despeito de "pequenas grandes" vitórias que obtivemos, nada representava aos olhos do grande público. Começamos com "Utopia". Trata-se de um Rock simples, com melodia e letra bem pop, e poucas firulas (mas haviam, conforme o leitor pode conferir no vídeo que posto abaixo.) 



Eis o Link para assistir no You Tube : http://www.youtube.com/watch?v=YfBvb6ql8HI

Assim que acabou a execução de "Utopia", fomos muito aplaudidos, e arrancamos alguns gritinhos mais efusivos. Um rapaz da plateia provocou-me, mas de uma maneira leve. Pois eu estava a usar um macacão ao estilo "jardineiro", e na última hora, no camarim, resolvi tirar a camiseta que usava por baixo, e fui apresentar-me assim, e ainda inventei um cachecol enorme enrolado no pescoço, ao tornar o meu figurino, exótico.

Foi quando ouvi um grito, cujo autor da frase, não identifiquei, visualmente. O sujeito gritou : "aí, seu lagartixa"... fazia referência ao fato de eu estar absolutamente branco, sem nenhuma graduação de bronzeamento. Mas, levei no bom humor, e não achei ofensivo ou desdenhoso. Por sorte não tornou-se viral. Não que eu ofendesse-me se aquilo viesse a tornar-se uma epidemia de pilhérias, ou mesmo um coro com uma palavra de ordem a insultar-me. Mas poderia ser desastroso para o andamento da nossa apresentação, no sentido do desvio de foco. Se tivesse acontecido, poderia ter atrapalhado-nos e muito, por não permitir que as pessoas pudessem prestar atenção na nossa música. A apresentadora, Silvana Teixeira, que já mencionei anteriormente, fez a seguir uma micro entrevista, ao escolher o Zé Luiz para falar, provavelmente por ele ter sido o vocalista da música , "Utopia", e naturalmente as pessoas tendem a achar que quem canta, é o líder da banda. Mas sem problemas, pois éramos abertos e democráticos, e assim, todos falavam sem nenhuma dificuldade, em qualquer entrevista.


Continua... 

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