quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Autobiografia na Música - Pedra - Capítulo 5 - Por Luiz Domingues

A questão que envolveu o Marcelo Mancha, não foi técnica. Ele é um excelente vocalista; com afinação; alcance de oitavas; emissão; boa dicção; bom intérprete; tem ritmo; bom ouvido; divisão rítmica bem desenvolvida, e excelente presença de palco. Tampouco foi de ordem pessoal, pois ele era (é) um rapaz bacana, honesto e trabalhador. O problema detectado pelo Xando, revelou-se no tocante à criação dele na interpretação, pois em todas as canções, apresentara dificuldade em criar a sua própria interpretação.

Isso ocorreu devido aos anos e anos em que atuara pela noite a cantar covers. Infelizmente, esse esquema tende a viciar o músico, que perde o traquejo da criação, ao limitar-se a repetir a criação alheia. Diante desse argumento, não havia como não pensar na banda, e sendo assim, eu dei o meu aval para o Xando conversar com o Marcelo e daí, desligá-lo da banda. O Xando ficou com a incumbência em falar com ele, por ser amigo e companheiro de bandas na noite, há anos. E o Marcelo aceitou sem ressentimento, pois não estava mesmo a encaixar-se no trabalho. Saiu da banda, sem problemas, e prosseguiu a sua carreira na noite, até hoje, com o seu brilhantismo habitual.

Então o Xando teve uma ideia, de certa forma ousada, mas que poderia dar certo. Que tal convidar, Rodrigo Hid ? Ele poderia cantar; tocar teclados e eventualmente, teríamos três guitarras, a unir-se ao próprio, Xando e Tadeu Dias. E o que eu poderia achar dessa ideia ?  Ora, conhecia o Rodrigo desde 1992, convidei-o para fundar o Sidharta comigo, e isso desembocara na Patrulha do Espaço. Quem mais poderia conhecer tanto o talento dele, após tantos anos ?

Rodrigo Hid, na época mais ou menos em que veio conhecer a proposta do Xando, sobre a banda. Foto de Grace Lagôa

O Rodrigo estava desanimado em fazer parte de uma banda, desde que deixara a Patrulha do Espaço junto comigo, e Marcello. E desde então, dedicava-se a ensaiar um material para um disco solo que pretendia lançar. Estava a ensaiar com dois músicos jovens, ex-membros do excelente, "Quarto Elétrico" : Thiago Fratuce, no baixo (ex-aluno meu), e Ivan Scartezini na bateria (esta, depois tornar-se-ia baterista do Pedra). Ele aceitou conversar, mas em princípio relutou com a proposta. Após um pouco de insistência da parte do Xando e minha, ele decidiu participar sob tal condição inicial, ou seja, como vocalista, com alguma intervenção nos teclados, e talvez, muito eventualmente, na guitarra (o que convenhamos, seria uma loucura, dada a circunstância dele ser um guitarrista excelente). E assim, nos últimos dias de dezembro de 2004, tornamo-nos um quinteto, com a entrada de Rodrigo Hid.

Aqui em um ensaio da banda já em 2005, ao assumir inicialmente a postura como vocalista e tecladista da banda. Foto de Grace Lagôa

Continua...

Nenhum comentário:

Postar um comentário