terça-feira, 20 de maio de 2014

Autobiografia na Música - Sidharta - Capítulo 12 - Por Luiz Domingues

Quebrado esse gelo inicial, fomos a marcar novos ensaios elétricos, e a intercalar com outros sob teor acústico, na residência do Zé Luiz. Novas músicas surgiam, naturalmente, e as primeiras, em que já trabalhávamos anteriormente, a ganhar corpo, com arranjos. Devo enaltecer o Zé Luiz nesse aspecto, pois ele sempre foi bom em dar boas sugestões para arranjos no nosso tempo à frente d'A Chave do Sol, mas esse Zé Luiz, onze anos mais velho, com quem eu estava a lidar naquele instante de 1998, tinha ficado ainda melhor.

O meu temor pela incompatibilidade estética dele com o trabalho, ainda existia, mas estava a apequenar-se, ao deparar-se com o entusiasmo dele com o projeto, e a sua participação ativa, ao dar ótimas sugestões para arranjos, e a participar ativamente de todos os aspectos extra musicais. Quem não ia bem era o Deca, pois nitidamente não estava a apresentar o mesmo entusiasmo. Então, ainda ao final de fevereiro de 1998, ele ligou-me e pediu uma reunião extra, onde comunicou que o Sidharta não era exatamente o que esperava.

Disse-me que quando eu o convidei em 1997, pensava em algo mais centrado no Rock'n Roll, e o rumo que estávamos a adotar era o de um leque muito mais aberto. Mas essa interpretação dele estava equivocada, pois desde o início, eu havia deixado muito claro para todos, inclusive, que o objetivo seria evocar diversos estilos e não fecharmo-nos em um único nicho.

Se a ideia foi buscar inspiração nas décadas de sessenta e setenta, o que havia de mais genial nelas ? A diversidade, ora...
A despeito disso, eu e Rodrigo, ficamos chateados com a saída dele, mas apreciamos a honestidade, e transparência com a qual ocorreu.


O Zé Luiz não lamentou, pois definitivamente, não havia entendido-se com ele e vice-versa. Nos ensaios subsequentes ao primeiro, o clima acirrara-se ao ir além da questão da dinâmica.
Nessa altura, ambos já discutiam por conta de divergências nos  arranjos. E confidencialmente, Dinola havia falado-me que não havia apreciado o estilo dele, Deca, como guitarrista, as suas escolhas de timbres, e uso de pedais. Nesses termos, foi o melhor para o Sidharta, e para ele Deca, pois a seguir, começou no Baranga, 100% Rock'n Roll, como gosta.
Continua... 

Nenhum comentário:

Postar um comentário