sexta-feira, 16 de maio de 2014

Autobiografia na Música - Sidharta - Capítulo 10 - Por Luiz Domingues


Então, quando eu comuniquei ao Rodrigo que o Zé Luiz Dinola havia ligado-me, ele surpreendeu-me, pois ao antecipar-se, foi logo a falar-me que devíamos convidá-lo, ao denotar que também pensara nessa possibilidade etc e tal. Mais uma vez eu o lembrei que conhecia bem a mentalidade do Dinola, e nem Rocker exatamente ele o era. E sob um projeto radical como queríamos que o Sidharta constituísse-se, eu tinha sérias dúvidas se ele encaixar-se-ia. Mas o Rodrigo relevava as minhas advertências, ao dizer que ele aos poucos integrar-se-ia à proposta, e o que importava em primeira instância, seria que ele tocava muito bem; era experiente e uma ótima pessoa. 

Sobre tais atributos, eu não tinha dúvida, mas ainda ficava com aquela impressão de que a entrada dele não seria adequada por aquele detalhe já mencionado. Eu realmente não o achava ideal para o projeto e reafirmo, com muito pesar, pois ele era / é um colega sensacional. Fomos então à sua residência, em Pinheiros, em uma noite de terça-feira, em fevereiro de 1998, e conversamos detidamente sobre o projeto. O Rodrigo levou um violão e mostrou as músicas que já tínhamos, e ele apreciou, sem restrições, pois da parte dele, havia a vontade para tocar, e eu reconheço que a sua força de vontade cativou-me. 

Independente desse conflito em torno de perfis ideais para o projeto, eu também gostei, é claro, pois tocar com ele novamente, afinal de contas, seria maravilhoso, visto que não tocávamos juntos oficialmente, desde maio de 1987. Quase onze anos, e não estou a contar um show que ele fez em janeiro de 1988, a título de ajuda, na reformulação pela qual A Chave do Sol teve que passar às pressas, ao gerar uma outra banda chamada "A Chave / The Key", mas isso é assunto de outro capítulo, naturalmente.

Então, fizemos um ou dois ensaios acústicos só para ele conhecer o mapa das músicas, e marcamos o primeiro ensaio elétrico para o final de fevereiro, em um estúdio na Vila Mariana, onde o Zé Luiz já havia usado para ensaiar com trabalhos cover que realizara, anteriormente. Eu estava ansioso por esse ensaio, pois de certa forma, foi como se estivesse a reatar o fio da meada do meu primórdio na música, visto que haveria de ser um trabalho iniciado pela minha pessoa, após muitos anos ocorridos após o fim das atividades d'A Chave do Sol e com o Pitbulls on Crack, no meio do caminho, em minha trajetória.

Continua... 

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