Eu cheguei nesse primeiro ensaio, muito animado, certamente. Estava cada vez mais confiante no Rodrigo, e mais animado com a presença do Zé Luiz, visto que o seu entusiasmo em trabalhar, contagiou-me, e suas demais qualidades óbvias como músico e pessoa, eu já conhecia de longa data.
O ensaio teve um efeito um tanto quanto quebra-gelo, pois foi a primeira vez que tocávamos de fato, de forma elétrica. E deu para notar uma certa tensão no ar entre o Zé e o Deca, visto que um não havia simpatizado naturalmente com o outro, infelizmente. Por conhecer os dois, bem como eu conhecia, ambos em trabalhos longos com a minha parceria, percebi que um clima aconteceu logo de início nas primeiras músicas, pois o Deca gosta normalmente em tocar muito alto, e o Zé Luiz prefere ensaiar com o volume baixo, para melhor avaliar as músicas, prestar atenção em arranjos etc. O Deca ensaiava como se estivesse a atuar ao vivo, em um show.
Esse clima, acentuar-se-ia, e precipitaria um rompimento inevitável, pouco tempo depois. Não seria apenas por isso, claro, mas além de outros motivos mais importantes, esse também pesaria. Na hora, achei que havia sido somente uma indisposição sem importância. Eu enxergo o sinal agora, com a devida distância que o tempo permite-me, para ter essa visão macro da história. Portanto, pôs-se a ficar mais evidente nos ensaios seguintes, e dada a incompatibilidade, eis que motivou o Deca a abandonar o projeto.
Continua...
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