quarta-feira, 25 de março de 2015

Autobiografia na Música - A Chave do Sol - Capítulo 242 - Por Luiz Domingues


Uma exposição válida foi proporcionada-nos quando recebemos o inusitado convite para uma entrevista a ser concedida para uma revista de alcance popular. Estávamos habituados a sermos publicados em revistas especializadas de música, e Rock em específico, mas uma publicação fora desse mundo foi uma novidade (e muito bem-vinda por sinal), pois tratou-se de uma oportunidade ótima para que expandíssemos o nosso horizonte. Foi no caso, com a revista : "Amiga TV Tudo", especializada em assuntos de TV, geralmente a tratar sobre fofocas de artistas desse mundo, em meio às sua atuações em novelas etc. Claro que não tratava-se do "nosso" mundo, mas o simples fato em termos sido abordados espontaneamente pela produção da revista, foi comemorado, pois denotou um crescimento claro para a nossa percepção. 

Se recebemos tal convite, realmente foi um indicativo de que estávamos a começar a desgarrar do mundo fechado do nível "underground", e por conseguinte, a chamar a atenção da mídia "mainstream", ainda que nesse caso, o público alvo desse tipo de publicação, foi totalmente insólito para uma banda com a sonoridade e os propósitos d'A Chave do Sol. Enfim, aceitamos conceder a entrevista, que foi realizada na residência do Rubens, em uma tarde de um dia útil, e a matéria foi publicada no nº 816 desse veículo, com direito a uma foto promocional e mais uma vez extraída, infelizmente, daquela sessão equivocada já citada, todavia, este click ao menos, estava mais razoável para representar-nos. Eis a transcrição da matéria :

"A Chave do Sol só nos Baratos (primeiro LP anima grupo)

Há três anos surgia em São Paulo  um grupo que se definia eclético, misturando Rock, Jazz e Heavy-Metal. Formado por Rubens (22 anos, Guitarra), Luiz Domingues (25 anos, Baixo), Zé Luis (24 anos, Bateria) e Fran (vocalista), A Chave do Sol resolveu mostrar que é possível fazer uma música no estilo metaleiro com muita criatividade e qualidade. Dispostos a conquistar seu espaço, o grupo lança seu primeiro LP pela Gravadora Baratos Afins. A banda existe desde 82 e ano passado gravou um  compacto simples cuja faixa principal é a canção "18 Horas", que foi bastante executada pelas rádios paulistas, na maioria alternativas. Depois de algumas modificações, os rapazes do A Chave do Sol afirmam que o grupo agora está perfeito. Inspirados no Jazz e Rock dos anos 60, eles partem com uma proposta diferente : criar um som voltado e preocupado com a parte técnica e combinação de metais, ou seja, criatividade. Segundo Rubens, a intenção da banda é acabar com aquela ideia de que Heavy Metal é apenas uma música barulhenta".

Solange Guarino

 
Bem, a jornalista que entrevistou-nos foi extremamente simpática para conosco, mas cometeu alguns deslizes na edição do texto que publicou, e de nada adiantou a gravação da conversa mediante o uso de um gravador, e suas anotações de apoio, pelo visto. Por exemplo, já começou equivocada com o subtítulo da matéria. Dou o desconto que a história do "EP " gerou muita confusão na mídia, conforme já venho a relatar, contudo, daí a afirmar logo de início que a estávamos a lançar um "LP", já foi demais (por considerar-se que ela recebera o release oficial da gravadora, como material de suporte, e teve à sua disposição, toda a conversa gravada conosco, além de que nenhum de nós quatro, falou tratar-se de um LP, logicamente). 


Uma outra observação que eu faço, não é uma queixa, mas uma constatação : incrível como nesse ramo de jornalismo especializado em TV, existe a tola preocupação em definir a idade das pessoas, como uma praxe jornalística. Qual a relevância em determinar a idade de cada um de nós ? E ao admitir que isso tratava-se de uma norma imposta pela sua editoria, nesse tipo de mídia focada no mundo da TV, esqueceram-se de definir a idade do Fran, neste caso. Outro ponto interessante, em dado instante, ela embaralhou a conversa, pois afirmou que usávamos "metais" em nossas músicas, certamente ao confundir o termo quando empregado para designar instrumentos de sopro com toda aquela baboseira sobre a existência de uma suposta "tribo de metaleiros", por conta dos boatos fomentados em meio ao recente Festival Rock in Rio. Enfim, a boa intenção dela foi ótima, e a despeito dessas falhas, ficamos contentes por termos sido abordados e publicados nas páginas de uma revista popular, e a contar assim com a oportunidade para atingir um público mais amplo e diferente.


Continua... 

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