domingo, 22 de março de 2015

Autobiografia na Música - A Chave do Sol - Capítulo 236 - Por Luiz Domingues

 
Resenha sobre o Show realizado no Sesc Campestre, em São Paulo, publicada na Revista "Metal", algum tempo depois

E não houve muito tempo para relaxarmos (ainda bem ), pois, o próximo compromisso foi marcado logo em seguida. Fomos convidados a realizar um show em meio a um evento no interior de São Paulo, e este seria produzido no ambiente de uma chácara, próximo à cidade de Botucatu, no centro do estado. O cachê acordado foi muito bom, mas ao contrário do show que fizéramos em Santos / SP, onde houve um contrato formal, assinado e com reconhecimento de firmas, mediante a fé cartorária, desta feita o acordo fora verbal, entretanto, a confiança que tivemos foi total, mesmo não sendo os organizadores do festival, conhecidos nossos, propriamente dito. Fomos cedo para a cidade de Botucatu, no dia do show, através do uso de carros particulares, e a viagem transcorreu de forma tranquila e prazerosa. 
Foto meramente ilustrativa, não é esse o Dodge Dart que o Zé Luiz possuía naquela época, mas foi nessa linha de pintura, cor de vinho e com capota de vinil, embora o dele fosse o modelo, "Charger RT"  e esse aí acima, seja um "Dart"


Em nossa comitiva, além dos quatro integrantes, a aspirante a produtora, Cristiane Macedo, também acompanhou-nos; além de Edgard "Pulgão" Puccinelli; Eliane Daic (namorada do Zé Luiz desde 1983, e que sempre ajudava-nos com tudo o que envolvia a nossa produção, inclusive ao acionar as explosões pirotécnicas), e o técnico de som, Nico, que conhecêramos no estúdio "Vice-Versa", por ocasião da gravação do EP, recentemente. A nossa primeira ideia foi levar o amigo, Canrobert, mas este estava compromissado com outro artista na mesma data (provavelmente o grupo Punk, Os Inocentes, não recordo-me com certeza), e assim, levamos o Nico conosco, que era igualmente competente e uma pessoa agradável no convívio. Quando chegamos à cidade interiorana, fomos à residência de um dos contratantes, e de lá, fomos guiados à tal chácara, que localizava-se na zona rural daquela cidade. 

O evento, por sinal, chamava-se: "Rock in Chácara", a estabelecer uma alusão ao festival "Rock in Rio". Aliás, em 1985, isso tornou-se uma tendência generalizada, com muitos festivais a surgir por todo o Brasil, a copiar tal título, e assim tentar aproveitar-se do vácuo gerado pelo festival realizado no Rio.

A referida chácara era muito simpática, embora  a estrutura do festival fosse simples, com um palco a ostentar uma sustentação de madeira, e com uma altura relativamente baixa. Os sistema de "P.A." e de luz, disponibilizados, foram dignos, apesar de não haver nenhum luxo, mas apenas o suficiente para suprir a área física onde o palco fora montado. Os organizadores esperavam entre mil e duas mil pessoas presentes no auge do festival, e nós seríamos a atração principal da noite, com duas bandas locais a cumprir os shows de abertura. A hospitalidade dos organizadores foi muito grande, e um almoço muito farto, tipicamente interiorano, nos foi servido, e com direito a uma variada enorme de sobremesas maravilhosas, feitas com frutas colhidas no próprio pomar da referida chácara. Mas, a hospitalidade não ficaria só por isso. Com todo o tipo de drinks ali servidos, e em sua maioria à base de aguardente interiorana e de "boa fonte" (segundo os entendidos), com a minha exceção óbvia, pois eu sou abstêmio assumido, todo os demais beberam a vontade... 


Alguns contiveram-se, mas outros, não resistiram à ação da pinguinha maledetta! Quando chegou a hora do soundcheck ser cumprido, o pior de todos no estado etílico, infelizmente, foi o Nico, o técnico que leváramos para operar o nosso show. Já na passagem de som, ele estava a apresentar sinais de tal transtorno etílico, e se não houvesse a compreensão do técnico local, e dono do P.A. que prontamente ficou ao lado, a auxiliá-lo, infelizmente o trabalho da equalização e preparação do "set up" da nossa banda,  arruinar-se-ia... 

Continua... 

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