terça-feira, 7 de outubro de 2014

Autobiografia na Música - Ciro Pessoa & Nu Descendo a Escada - Capítulo 5 - Por Luiz Domingues



Conheci o Ciro, pessoalmente, no dia em que toquei pela primeira vez com os Kurandeiros de Kim Kehl, no Magnólia Villa Bar, em 24 de agosto de 2011. Fora tudo uma grande novidade, naquela noite, a tocar pela primeira vez com uma nova banda dotada de uma longa carreira, mas cujo repertório, eu pouco conhecia. E foi uma novidade também, conhecer o Ciro.

Já estava ciente da proposta de tocar com o Ciro, e também de como era o som dele, naquela ocasião, mas faltava conhecê-lo pessoalmente. O Kim não tinha certeza, mas disse-me que possivelmente o Ciro apareceria naquela noite, e que talvez fizesse uma participação ao vivo, conosco. E de fato, ele apareceu e dada uma oportunidade que surgiu, subiu ao palco do Magnólia Villa Bar e cantou uma versão muito improvisada de "Ruby Tuesday", dos Rolling Stones, e "Ando Meio Desligado", dos Mutantes, duas escolhas dele, estabelecidas na hora. Depois do show, conversei enfim, mais detalhadamente com ele, devidamente apresentado pelo Kim, formalmente. 

Na conversa que tivemos, falamos sobre o seu trabalho, e muitos aspectos animaram-me mais ainda. Ele queixou-se de que estava cansado em trabalhar com músicos oriundos da cena do pós-punk, e do mundo indie "moderninho", pois essa garotada não entendia a psicodelia sessentista como esta deveria ser executada. De fato, eu tinha visto alguns vídeos dele no You Tube, e também ficara com essa impressão. Palavras dele mesmo, eram "moleques de braço duro", e ele sonhava em ter uma banda com músicos que soassem como o Pink Floyd.
Bem, essa afirmação, encheu-me de ânimo, por motivos óbvios, e claro que se dependesse de minha vontade, ele teria o som do Roger Waters, doravante, sem dúvida. Tirante essas considerações estéticas, eu adorei o astral dele. Um sujeito extremamente descontraído e despachado, muito brincalhão e que em um certo aspecto, lembrou-me o Chris Skepis, o meu velho companheiro do Pitbulls on Crack. E a conversa derivou para outros aspectos. Falamos também sobre outros artistas dos anos sessenta, e artistas plásticos como Salvador Dali e René Magritte. Algumas frases de efeito que ele gostava de repetir, impressionou-me, pois revelou que o seu apreço pelo Rock sessenta / setentista era real, e não ocasional. Uma delas, martelou diversas vezes durante a conversa, e impressionou-me bastante por seu caráter de lema, muito forte : -"o futuro é Pink Floyd"...


Dessa forma, fiquei bastante contente com esse primeiro contato, e motivado para preparar as músicas e começar a ensaiar. O Kim levou-me nesse mesmo dia, o material do Ciro. Seriam treze ou quatorze músicas para eu começar a preparar. As letras mostravam-se loucas, muito calcadas no surrealismo, e claro, a encaixar-se como uma luva na psicodelia proposta. 

Continua...

Nenhum comentário:

Postar um comentário