O Fernando "Mu" pediu à Virgínia, para que ela escondesser o material na sua calcinha, e se algum policial a tocasse, que ela fizesse um escândalo, a exigir uma policial feminina, e na confusão, se aparecesse uma policial, desse um jeito de jogar o pacote no barranco. Por sorte, não havia policiais femininas, mas mesmo assim, a blitz foi tensa, com os policiais a imprimir aquele terrorismo típico por uns quarenta minutos. Sem meios de incriminar-nos em nada, fomos liberados, mas com os policiais ainda a fazer ameaças, ao anotar a placa da Brasília preta de Paulo Eugênio, e dizer-nos que seríamos vigiados dali até São Paulo etc.
Mais pareciam frequentadores de clubes de discothéque, e o Fernando "Mu", havia recentemente cortado a sua longa cabeleira também, após mais de dez anos de resistência em prol dos ideais.
E o Wilson também seguia essa linha de rapaz bem comportado, com cabelos curtos e no uso de trajes tradicionais. Eu lembro-me bem que de todos os Freaks que eu conhecia no meu bairro, desde 1977, ali no ano de 1980, eu era o único ainda cabeludo, e ganhei nessa época o apelido de, "O último dos Moicanos", por não aderir à essa tendência em romper com os ideais contraculturais cultivados nas décadas de 1960 e 1970, ou seja, emblemática ao extremo, tal situação fora mais um inequívoco sinal dos tempos, e que só avançou no decorrer da década de oitenta. Falei tudo isso porque acho que o fato de só eu ter aparência rocker, ali naquela Blitz, pode ter aliviado um pouco a situação, visto que se todos tivessem aparência de hippies / freaks, os policiais teriam sido ainda mais truculentos.
Continua...
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