terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Autobiografia na Música - A Chave do Sol - Capítulo 56 - Por Luiz Domingues


Nossos esforços para conseguir novas perspectivas, nessa fase, prosseguiram. E nesse ínterim, mais três acontecimentos desviaram um pouco a nossa frustração pela falta de shows, e o baque pela perda de nosso status por atuar em uma casa badalada como o Victória Pub, e com a saída da Verônica Luhr de nossa banda. Contatos haviam sido feitos, e levamos material para três lugares que poderiam abrir algumas portas. Em dois desses, não deu em nada, e um logrou êxito, ao abrir-nos uma grande perspectiva.

Um deles, fora da parte daquele sujeito que abordara-nos no Victoria, ao dizer ser da produção que trouxera o Van Halen ao Brasil, recentemente. No Victoria, ele veio com aquela história de que estavam a trazer o Kiss, etc e tal. Claro que achamos ser uma tremenda bravata e ficamos chateados com os conselhos dele para adotarmos o "moderno" visual da New Wave oitentista, e tudo o mais. Então, vimos que o Kiss realmente vinha para o Brasil e ligamos para o sujeito. Fico a dever o seu nome, pois realmente não lembro-me, e quem marcou o encontro para a entrega do material foi o Rubens. Entregamos, mas é óbvio que nesta altura de 1983, o nosso material mostrava-se bem fraco. O nosso portfólio continha apenas uma matéria de jornal grande, até então, e o restante foi composto por filipetas de shows em bares, e nem mesmo o impresso do Victoria Pub com o nosso nome, revelava-se significativo para impressionar alguém que trazia um artista internacional mainstream, do porte do Kiss. E o básico do básico : não tínhamos disco gravado ! Nesse material, nem uma demo-tape decente, tínhamos. Na realidade, só tínhamos um demo caseira, e gravada de forma precaríssima. 

No texto do release, nossos respectivos currículos individuais eram raquíticos, também. No meu caso, por exemplo, eu dizia que tocava desde 1976, e após passar por bandas de garagem (nem citava o Boca do Céu / Bourrébach, pela insipidez desses trabalhos muito iniciantes), e que havia participado da fundação do Língua de Trapo.

Certo, o Língua de Trapo estava por acontecer desde 1982, mas dizer que fui da pré-história de uma banda que mal começava a estourar, foi muito pouco.
José Luiz Dinola a tocar com o "Contrabando", em local e data indefinidos. Pode ser entre 1978 e 1981


O Zé Luiz falava do Contrabando, cuja maior proeza fora abrir shows do Made in Brazil; e o Rubens citava uma passagem efêmera pela Santa Gang, uma obscura banda, também filhote do Made in Brazil.
Em suma : foi muito pouco para impressionar...

Continua...

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