sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Autobiografia na Música - A Chave do Sol - Capítulo 193 - Por Luiz Domingues


Antes que reparem e comentem, sim, esta filipeta tem erros gramaticais e ortográficos graves, mas para o meu consolo, não tivemos culpa nisso, pois não foi obra do nosso fã clube...

Achávamos que ficaríamos somente com esse show no interior, que descrevi anteriormente, para o mês de maio de 1985. No entanto, um convite de última hora, surgiu, ao apresentar-nos uma nova perspectiva. Havia um bar, localizado próximo à estação Jabaquara do Metrô, que mantinha tradição de trabalhar com música ao vivo. Era de fato, um bar com ambientação Rocker, mas a despeito de abrir as portas para bandas de Rock, o seu espectro era o do universo das bandas cover, e pouco ou nada aberto à shows de bandas autorais. Entretanto, uma mudança de mentalidade, sinalizou que passariam a abrigar shows com bandas autorais sob uma maior regularidade, e dessa forma, convidaram-nos para tocar, e claro, aceitamos de bom grado a oferta. Tratava-se do Rainbow Bar, casa que fez a sua fama nos anos oitenta em São Paulo, entre os aficionados do Rock pesado, e Rockers da velha guarda, também, com predileções setentistas. 

Apesar de abrigar mais bandas cover na sua programação, o Rainbow Bar acumulava histórias. Boas e más, diga-se de passagem, pois pelo aspecto ruim, ficou marcado por ser protagonista de brigas homéricas da parte de gangues oitentistas típicas. Muitas emboscadas aconteceram ali nos seus arredores, perpetradas por hordas de Punks e / ou Skinheads, a agredir headbangers, ou Rockers setentistas. Bastava ter cabelo longo para correr risco de vida, e naquele quarteirão que dava acesso à estação Jabaquara do Metrô, muita gente apanhou, inclusive com gravidade, e houve até registro de morte, infelizmente. Pelo lado bom, foi um ponto de encontro que até hoje faz marejar os olhos de seus antigos habitues, quando mencionados em conversas nostálgicas entre os seus antigos frequentadores. De fato, uma vez de passagem pela casa, justamente para conhecê-la, pude assistir a performance do então muito jovem guitarrista, Xando Zupo, pela primeira vez, e também conheci a sua mãe, que o acompanhava na ocasião. Ele devia ter quatorze ou quinze anos de idade, e impressionava a tocar covers de artistas como : Deep Purple; Led Zeppelin, Van Halen etc.
Ainda eco dos esforços de Mário Ronco, essa matéria a falar da "Cooperativa Paulista de Rock", saiu no jornal City News, em maio de 1985. O texto do jornalista, seguiu a linha da abordagem desdenhosa observada em reportagem semelhante publicada pela Folha de São Paulo, um mês antes. O primeiro subtítulo da matéria já dá a mostra disso : "Somos Normais"...

No caso d'A Chave do Sol, foram dois shows, realizados nos dias 24 e 25 de maio de 1985. No primeiro dia, 24, um público a contar com cento e oitenta pessoas esteve presente. E no dia seguinte, 25, duzentas e cinquenta pessoas estiveram presentes nas dependências do estabelecimento, que era bem pequeno. Foram shows muito energéticos, mesmo por que, em um bar de pequeno porte, com a proximidade absurda do publico, e ausência de uma iluminação condizente, os shows ganhavam aura intimista, mesmo que a sonoridade fosse sob Rock pesado. Apesar dessas características intimidantes, no entanto, desfilamos todo o repertório do disco novo, com aquelas pauleiras todas, as firulas em torno de solos individuais etc. O público apreciou muito, e nós também, a abrir a possibilidade para a realização de novos shows naquela casa, no futuro. De fato, alguns meses depois, fomos novamente agendados, ali. Aliás, nessa segunda oportunidade, as circunstâncias seriam diferentes, de uma forma com a qual jamais poderíamos ter imaginado em maio...

Continua...

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