domingo, 23 de novembro de 2014

Autobiografia na Música - A Chave do Sol - Capítulo 200 - Por Luiz Domingues


O show no Buso Palace ocorreu no dia 29 de junho de 1985. Participaram também as bandas : "Mammouth"; "Performance's"; "Karisma" e "Korzus", ou seja, éramos entre os demais os "peso-pena", em uma noitada marcada pelo "pugilismo peso-pesado". Sob o ponto de vista da organização e estrutura, deu tudo certo, com um equipamento de som e luz de qualidade, contratado pelo produtor, Beto Peninha. A organização foi muito boa, sem maiores contratempos, apesar dele ser completamente inexperiente nesse tipo de produção. 
Cartaz Lambe-Lambe colado nos tapumes das cidades do ABC paulista. Acervo e cortesia de Beto Peninha

E o resultado em termos de público, muito bom, com cerca de duas mil pessoas presentes no local do show. Apesar do público ser radical, pelo teor do trabalho das outras bandas escaladas para o evento, o nosso show despertou a atenção e foi bastante aplaudido, ao deixar-nos satisfeitos pela participação. 
 
Ao falar especificamente da nossa performance, as evoluções cênicas que havíamos ensaiado, deram muito certo. Realmente impressionamos o público com tais medidas cênicas. As explosões também causaram um tremendo impacto, e ficamos contentes pelo efeito obtido. Somente um fator não deu certo, e foi digno de uma cena do filme "This is Spinal Tap"... 

Todas as explosões tinham marcações bem delineadas e ensaiadas previamente com a responsabilidade para apertar o interruptor que  detonava-as, na incumbência de Eliane Daic, que era namorada do Zé Luiz, desde o início de 1984, e que tornar-se-ia como uma produtora, nos meses subsequentes, de fato. Ela aprendeu e decorou perfeitamente o momento certo em cada música, e o efeito gerado foi muito positivo. Porém, em uma dessas explosões, algo deu errado, por minha culpa exclusivamente. Estava empolgado pela performance, e em uma dessas marcações, esqueci-me em manter uma distância física segura de uma das caixas de explosão, e dessa maneira, quando percebi que ia explodir, e eu estava muito perto, nada pude fazer para evitar o impacto. 

Eu apenas lembro-me da expressão de pavor que o Zé Luiz fez ao olhar-me com uma mecha de meu cabelo a pegar fogo, e as marcas da chamuscada pelo meu rosto. Por sorte, nesse momento eu estava de costas para o público, ao fazer uma mise-en-scené de frente para ele, Zé Luiz, portanto, o público não notou. Deu tempo para apagar a chama rapidamente e continuar a tocar, praticamente sem prejudicar a performance musical, e como consequência, eu apenas lembro-me mesmo do cheiro de pólvora queimada que ficou forte, e as marcas da chamuscada que só pude extrair no camarim, após o término do show. Tive então o meu dia de "This is Spinal Tap", enfim...

Continua... 

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