sábado, 22 de novembro de 2014

Autobiografia na Música - A Chave do Sol - Capítulo 196 - Por Luiz Domingues


Em junho de 1985, estivemos empenhados na gravação do novo disco, mas cumprimos três compromissos importantes de shows pela frente. E os três envolviam uma perspectiva de público e mídia, bastante interessantes, portanto, não podíamos deixar em realizá-los, mesmo que o foco principal da banda naquele mês, houvesse sido as sessões de gravação do novo álbum, no estúdio Vice-Versa. 

O primeiro deles, foi mais uma oportunidade para usar o palco do Teatro Lira Paulistana. Son uma produção de Antonio Celso Barbieri, tocamos no dia 22 de junho de 1985, em um show denominado : "Metal Tribo". Desta feita , dividimos o palco com duas bandas : "Excalibur" e "Nostradamus". Ambas eram pesadas, na perspectiva do Heavy-Metal oitentista, é claro, mas o Excalibur trazia alguns atributos diferentes, ao destacar-se da média das outras bandas dessa cena, pois primeiro : não fora formada por garotos muito jovens e inexperientes, caso da maioria das bandas que cercava-nos. E segundo lugar, os músicos eram mais maduros, não só na idade cronológica, mas certamente pela postura artística; nível técnico e a conter uma dose extra de ecletismo, que proporcionava-lhe um diferencial, sem dúvida. Mas havia um terceiro elemento, e que de certa forma mais os aproximava de bandas sessentistas, do que o Metal oitentista em voga. No quesito letras, o vocalista, Beto, esmerava-se para evocar poetas malditos franceses do século XIX, e certamente que tal influência vinha direto de Jim Morrison e o The Doors. 

De fato, nas letras, as citações a poetas como Rimbaud; Lautreamont e Baudelaire entre outros, destoavam das letras paupérrimas perpetradas pelas bandas de Heavy-Metal nacionais, em sua maioria. E a performance do vocalista chamava a atenção por seus trejeitos mais inspirados em Jim Morrison, do que nos vocalistas de Heavy-Metal da época, ou seja, em minha visão, o Excalibur era muito mais palatável do que a imensa maioria, ainda que o seu som contivesse peso, e a grosso modo, fosse uma banda pesada daquele contexto Heavy-Metal de 1985. Quanto ao "Nostradamus", era uma banda dotada com bons instrumentistas, no entanto, comprometida com a estética do Metal, ao parecer-se com o Viper, de certa forma. Já no caso do "Korzus", tratava-se de um trabalho baseado no Metal extremo, portanto, não tenho muito o que acrescentar. Apesar de ter sido um show de meio de semana, e compartilhado, foi positivo e trouxe um bom público com cento e cinquenta pessoas no teatro, ou seja, quase a lotar a sua dependência. O Barbieri também gostou dessa produção, porém, a perspectiva que mantinha como um trunfo, foi muito melhor, pois ele havia fechado com o Sesc Pompeia, a realização de um festival com um mês de duração, a contar com muitas bandas da cena pesada de São Paulo. Falo sobre isso na cronologia futura.

Ainda em junho, teríamos dois shows, antes de participar desse festival do Sesc. O próximo, por exemplo, aconteceria no dia seguinte a esse show do Teatro Lira Paulistana, que descrevi, e rendeu história...


Continua... 

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