quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Autobiografia na Música - Trabalhos Avulsos (Pinha's Band) - Capítulo 58 - Por Luiz Domingues

Foi em agosto de 1990, que um novo projeto apareceu, através do meu aluno /amigo / roadie, José Reis. Ele frequentava um estúdio de ensaio, chamado "Coda", situado na Av. Brigadeiro Luiz Antonio, sentido Ibirapuera, e nesse estúdio, ensaiavam seus amigos, que formavam uma banda cover, denominada :"Velho é a Mãe", que obviamente era formada por veteranos, saudosistas do Rock das décadas de 1950 / 1960 / 1970. Mas como informalmente funcionava ali uma mini locadora de vídeos, e que possuía um acervo com muitas fitas VHS, piratas, com inúmeros vídeos de artistas do Rock dessas décadas citadas acima, despertou a atenção do José Reis. Quando este convidou-me a conhecer o estúdio / locadora, pude conhecer o seu simpático proprietário, chamado : Paolo Girardello.
Paolo Girardello, músico, ex-proprietário do Estúdio Coda e gente boa... em foto bem mais atual

Como ele era baterista, eis que contou-me sobre um projeto novo que estava por desenvolver com um guitarrista, amigo seu. Na verdade, o trabalho era do guitarrista, que tinha muitas músicas prontas, e este queria formar uma banda, para colocar o trabalho no mercado. Dessa forma, convidou-me, e eu aceitei, pois mesmo ainda a ensaiar com o quarteto Hard-Rock de Flávio Gutok (Lynx, cuja história descrevi no capítulo anterior), achei que seria interessante conhecer esse trabalho do tal guitarrista, apelidado como : "Pinha". Os primeiros ensaios começaram, e foi uma época, onde por ter aceitado dois trabalhos musicais a intercalar-se com as minhas aulas (e houve um momento onde arrumei mais um projeto !), vivia a correr de um estúdio para outro, e a ministrar aulas de terça a sábado, quase o dia inteiro. Foi bastante cansativo, mas estimulante estar a tocar em projetos diferentes, com sonoridades díspares entre si.
Com o Pinha, o som dele era baseado em canções que certamente eram Rocks, mas com pegada soft, e até meio puxado para o folk. 
De certa forma, ele era uma espécie de JJ Cale / Johnny Cash, da pauliceia...

Ele era um homem de uns quarenta e poucos anos, bem mais velho do que eu era na época (eu tinha trinta, em 1990), e seu som era interessante, embora não tivesse peso, praticamente. Dessa forma, entre agosto e dezembro de 1990, ensaiamos com a regularidade de um ensaio semanal, inicialmente como trio : eu, Paolo na bateria, e Pinha na guitarra.


Ele tinha uma estranha guitarra Roland, com designer "futurista" da mentalidade oitentista. Usava um rack com pedais sintetizados da Roland, que também conferiam-lhe timbres exóticos, mas o som na prática, nada tinha de avant-garde, pois parecia-se mesmo com o Folk-Rock, meio a la Bob Dylan. As letras constituíam-se em crônicas do cotidiano. Não eram, pelo que lembro-me, primorosas, longe disso, mas estavam também longe dos clichês habituais que permeiam a mentalidade dos Rockers do underground. No próximo segmento, falarei sobre a apresentação ao vivo que fizemos como trio, e a entrada do guitarrista, Raul Müller, ao tornar esta banda, um quarteto, e encorpar assim, o trabalho.
Continua... 

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