Apesar do Luiz Fernando ser um gentleman, e ajudar-me incondicionalmente com
caronas, muitas vezes por buscar-me em outro ensaio, que não tinha nada a
ver com o trabalho dele, e ao levar-me até a minha residência, ao término dos
nossos ensaios, um fator incomodava-me, e passou a tornar-se um elemento decisivo
para eu sair do projeto, algum tempo depois : os arranjos das músicas
mudavam radicalmente, e se há uma coisa que eu detesto, é
a volubilidade. Como o trabalho era dele e não fruto de um esforço em
grupo, eu tinha uma óbvia tolerância mais elástica à essa
característica, que julgo abominável.
Contudo, quando esse processo
passou a ser uma constante, o trabalho certamente passou a ser muito
prejudicado, pois trabalhávamos em um arranjo e quando a música começava a
ficar firme, e portanto próxima da condição para ser gravada em estúdio,
ele propunha no ensaio subsequente, mudanças radicais, praticamente
a jogar todo o trabalho fora, com a proposta para começar-se tudo da
estaca zero. Imagine isso multiplicado por quinze, talvez vinte músicas, não lembro-me ao certo, e daí dá para mensurar o processo de irritabilidade que
gerava para os músicos que estavam ali envolvidos.
E não havia como estressar-se com ele, pois em primeiro lugar, ele era o dono do trabalho, e
portanto tinha o direito em dar a palavra final sobre as composições, e
em segundo lugar, era tão educado e gentil, que não havia como irritar-se com ele. Mas claro, esse processo minou paulatinamente o trabalho, e
depois que eu saí, e soube que o disco só ficou pronto em 1994, ou seja,
quatro anos depois, pude entender um pouco o por quê dessa demora.
Mas
antes que eu comunicasse a minha saída oficial do trabalho, ainda houve
um episódio que gerou uma história, que hoje acho engraçado, mas na época,
aborreceu-me. Não foi culpa do Luiz Fernando, de forma
alguma, mas por conta dessa associação, eu fui vítima de uma espécie de "bullying" musical,
dentro de um estúdio de gravação.
Continua...
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