Quando chegou o final do ano, o Luiz Fernando quis gravar uma demo tape
para ver como estavam as músicas, já em ritmo de pré-produção. Nesse
caso, seria uma demo-tape simples, sem maiores requintes, com a banda a ser
gravada ao vivo, e sem muita elucubração sobre a timbragem de cada
instrumento. O estúdio escolhido foi o Coda, pertencente aos irmãos,
Molina (Jacques e Jeff), em sociedade com o baixista, Ney Haddad, futuros membros do
"Neanderthal", banda com a qual eu conviveria bastante, por estarmos
juntos na coletânea, "A Vez do Brasil", que o Pitbulls on Crack também
participaria (do final de 1993, em diante). Essa história inclusive, já está devidamente contada no
capítulo daquela banda, Pitbulls on Crack).
Essa sessão de gravação ocorreu ao final de
1990, e o que ocorreu foi o seguinte : O Luiz queria gravar o máximo de
músicas, e como a constante mudança de arranjos não permitia que o
trabalho avançasse mais velozmente, recorreu à presença do baixista que
fizera parte do trabalho antes de minha participação, para que esse rapaz gravasse músicas que eu nem
conhecia. Sendo assim, pelo meu entendimento, não haveria problema algum em dividir a
gravação com outro músico, e pelo contrário, aliviaria o trabalho,
ao torná-lo mais eficaz.
O problema, foi que esse músico chegou ao
estúdio com uma postura agressiva, muito deselegante e deliberadamente
predisposto a hostilizar-me, de uma forma gratuita ! Vou omitir o nome dele, para
evitar exposição e constrangimento, ao tratá-lo apenas pela inicial de
seu apelido, a letra "G". O tal "G" não era músico profissional. Não lembro-me ao certo a sua profissão, mas recordo-me bem que ele não vivia de
música.
Logo de início, notei que desdenhou de minha pessoa, ao ironizar-me, quando
fomos apresentados. Ao encarar-me com ar de superioridade, falou algo do
tipo : -Então você é o "famoso Tigueis" (claro, ao referir-se ao apelido
pelo qual chamavam-me à época)"... depois, passou a alfinetar-me,
ao afirmar que o seu baixo era "moderno" e muito superior ao meu velho, Fender
Jazz Bass. Percebi que não fora uma brincadeira, pois não parava de debochar
do meu instrumento, que julgava "ultrapassado".
Achei aquilo tão ridículo, que não tive forças para contra-argumentar. Ele, com aquele
instrumento de brinquedo, a conter captação ativa, e aquele timbre de plástico,
a falar mal de meu Fender Jazz Bass, ano 1974, foi no mínimo, bizarro. Se entendesse minimamente de música, saberia o significado de um instrumento vintage, e com tal atitude, só denunciara a sua ignorância.
Se realmente
acreditava em suas afirmações bizarras, era certamente um idiota. Se
forçava aquela situação para desestabilizar-me, foi também um idiota,
enfim... depois, continuou a noite inteira a alfinetar-me, ao enaltecer a
sua performance nas músicas em que gravara, e na contrapartida, apontar erros nas em que
eu toquei.
Fora a banca que ficou a botar, ao dizer que só não tocava
profissionalmente, porque era tão bem sucedido na sua profissão, que
tocava diletantemente, a despeito de "caras" que só fazem isso na vida, e
eram muito piores do que ele... enfim, depois o Paulão Thomaz disse -me
que esse rapaz sempre fora arrogante, e desagradável nos ensaios, e um amigo meu que o
conhecia, por pura coincidência, quando eu contei-lhe essa história, disse-me que eu deveria
tê-lo mandado "àquele lugar", pois ele era mesmo um tremendo
de um inconveniente. Conclusão : foi mesmo um bullying...
Continua...
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