sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Autobiografia na Música - Trabalhos Avulsos (Aura - Produção de Estúdio) - Capítulo 66 - Por Luiz Domingues


A formação do Aura nessa demo foi a seguinte : 

Marcelo "Carioca" Dias - Baixo e vocal
Fernando Loia - Bateria
Cézar Pacca - Guitarra
Mauro Cannalonga - Teclados
Edilson "Nenê" Rodrigues - Vocal e violão. 

As músicas da demo foram : 

Lado 1 : 

1) Gaia   
2)  Poesia para gente jovem
3) Sonho Ruim (Planeta Resto) 

Lado 2 : 

1) Semente
2)Luz do Horizonte 

O vocalista Edilson "Nenê" Rodrigues, não tinha um vocal potente. Sua emissão vocal era miúda, mais a assemelhar-se a um cantor de Bossa Nova. Contudo, sua contribuição para a banda foi enorme, com composições, letras e boas ideias boas para arranjos. 

Segundo disseram-me, a ideia seria que atingisse um vocal ao estilo do Flávio Venturini, quase sob um falsete, em suas intervenções n'O Terço e 14-Bis. E além do mais, ele tocava um violão interessante, para dar uma pitada MPB ao trabalho, que certamente conferiu ao Aura, uma particularidade a mais para ser enaltecida.

Quanto aos demais componentes, estavam afiados, e com ótimas participações no trabalho. Tenho uma cópia desse trabalho, em formato de uma fita K7, que vou digitalizar em breve. Não pretendo lançar nada no You Tube, todavia, pois trata-se de um trabalho alheio, onde minha participação foi externa. Sendo assim, não considero-me no direito em passar por cima da vontade deles, embora a banda tenha deixado de existir, há muitos anos.
Foi a primeira oportunidade que tive para atuar como produtor de um trabalho onde não estive envolvido como músico, diretamente, e diverti-me muito nessa função, fora o prazer em ver uma ótima banda jovem a dar seus primeiros passos na carreira. E por sorte, com um trabalho calcado em uma estética artística super agradável, que eu adoro, e sob um momento que gerou-me um bem enorme, pois eu estava finalmente a ver a década de oitenta terminar, e sendo assim, minhas esperanças em dias melhores para o Rock renovar-se.
Quando o Aura fechou contrato, e foi gravar o seu LP como "Via Lumini" (em uma terceira troca de nome, portanto), sabia que procuraria um produtor profissional, com maior conhecimento de áudio etc e tal, mas eu alimentei esperança de que chamar-me-iam para acompanhar as sessões, mesmo que sob a condição de um simples visitante, apenas. Isso não ocorreu, e confesso que fiquei um pouco chateado, mas esse melindre de minha parte não tinha nenhuma razão de ser, e logo dissipou-se. Acompanhei à distância o desenvolvimento deles; algumas resenhas positivas que saiu na mídia especializada; anúncios de shows, e a gravação do segundo álbum. 
Soube da mudança de vocalistas, com a entrada do excelente, João Kurk (foto acima, vocalista do Terreno Baldio) etc. Infelizmente, a banda lançou-se em uma época difícil, e dentro de um país avesso ao gênero. Se estivessem na Itália ou Japão, seriam reverenciados, mas no Brasil, monoliticamente subserviente ao manifesto punk'77, é muito difícil vencer essa barreira. Vi pela última vez nessa ocasião da gravação da demo-tape, em 1990, o vocalista, Edilson, que era extremamente inteligente e gentil, como pessoa. O guitarrista, Cézar Pacca, esteve em minha residência para uma visita, acompanhado de Fernando e Marcelinho, em dezembro de 1991, quando contaram-me as novidades boas sobre o rebatizado, "Via Lumini". 
O Marcelinho Carioca chegou a assistir um show da Patrulha do Espaço em 2002, em uma casa noturna em São Bernardo do Campo, e na época do Pedra, fez contato comigo, pois estava a trabalhar com um selo próprio, e cogitou assim, lançar um CD do Pedra. Soube que também tocava pela noite, com um "Van Halen cover".
O baterista, Fernando Loia, algum tempo depois, tornou-se um músico muito requisitado no meio do Blues, e o é assim até hoje. Ele toca no "Irmandade do Blues", e eu cheguei a vê-lo em ação ao ar livre, em um evento que acontecia no saguão de lounge do Centro Cultural São Paulo, chamado "Terça Blues". Costumava lotar, e em um desses dias, em 1998, o vi a apresentar-se. E o tecladista, Mauro Cannalonga, é muito requisitado no mundo das bandas cover / tributo. Toca de tudo pela noite, e principalmente em bandas tributo de Hard-Rock e Prog Rock setentista.
Lembro-me dele a tocar com a banda cover de Deep Purple, liderada pelo vocalista Abdalla Kilsam, onde o Xando Zupo e Ivan Scartezini do Pedra, chegaram a tocar, também. Essa foi a minha participação como produtor da fita demo do Aura, pré-história do ótimo, Via Lumini. Acrescento que jamais sonhei em tornar-me um produtor musical, pois um produtor profisional, de fato, precisa ter domínio completo de estúdio.
Ali eu fui apenas um músico mais experiente que eles, a ajudar, com pequenas dicas pontuais, baseado na minha experiência pregressa, por ter gravado várias Demo-Tape e alguns álbuns, até então. Mas confesso que foi uma tremenda experiência prazerosa estar envolvido como produtor de um trabalho, onde eu não participaria como músico. É muito diferente você opinar quando não é a sua banda, sua música, ou o seu instrumento. Essa isenção é muito interessante para buscar o melhor para a banda, sem considerar interesses pessoais. Como produtor, busca-se o melhor para a banda e não para um músico em específico, fato comum entre egos inflados, e momento crítico, onde muitas bandas geralmente brigam e dissolvem-se. Eu teria mais duas experiências como produtor de estúdio em outras bandas, onde não seria um componente, e no momento oportuno da cronologia, comentarei sobre tudo isso.
Continua...

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