quinta-feira, 3 de abril de 2014

Autobiografia na Música - A Chave do Sol - Capítulo 104 - Por Luiz Domingues


Um parêntese na narrativa para falar de um personagem que agregar-se-ia a banda e acompanhar-nos-ia doravante, até o ano de 1987. Edgard Puccinelli Filho era um freak que o Rubens conhecera nos tempos em que tocava no bar Aponto, um obscuro espaço localizado no bairro de Moema, na zona sul de São Paulo. Nessas noitadas de Rock, onde muitas bandas iniciantes apresentaram-se nos idos de 1978, 1979, pouco ouvia-se música autoral. Predominavam as bandas cover, a tocar clássicos do Rock 1960 / 1970. 

Muita gente que posteriormente ficaria famosa, passou pelo "Aponto", caso do guitarrista do Ira, Edgard Scandurra, que nessa época ainda não havia bandeado-se em 100% para a causa de Malcolm McLaren, e nas noitadas do Aponto, gostava de tocar riffs de Jimi Hendrix e do The Who, seus artistas de cabeceira de então.
Já o outro Edgard, não era músico, mas um apreciador, e demonstrara um potencial para ser um agitador cultural, além de que era naturalmente, em face à sua personalidade forte, performático e poeta. Mais ou menos ao final de1983, ele apareceu em nossa vida, e tornar-se-ia a seguir, uma figura importante na "entourage" da nossa banda, ao atuar como um apoiador de produção, para toda obra. E para ir além, como era uma figura exótica em sua apresentação pessoal, culminou em tornar-se uma entidade agregada, como o agregado conhecido como : "Gato Félix" o fora para os Novos Baianos, guardadas as devidas proporções.
Edgard quase não usava jeans. Geralmente estava a trajar-se com calças de tergal, oriundas de ternos que comprava em brechós, e combinava com o toque Rocker, ao usar só um colete sem camisa, e usualmente com echarpes de seda, para dar um toque Glitter-Rock.
Costumava usar várias pulseiras, ao estilo Rocker, mas a combinar (ou "descombinar", como queira o leitor...), com calças de ternos dos anos cinquenta, quando causava uma estranheza.


Fisicamente, tinha (tem) o biotipo de um indiano, com uma pele bem escura, mas com feições caucasianas. E seu temperamento era (é) expansivo, com grande extroversão, sendo bom como relações públicas, sempre a tornar-se o centro das rodinhas de conversas, chamando a atenção de todos. 




http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=7Zcaebc8Q6s 

O link acima direciona para um curioso vídeo postado no You Tube, como uma espécie de coletânea de momentos bizarros vividos no programa "A Fábrica do Som". Logo no início, o Edgard Puccinelli Filho, vulgo "Pulgão", é entrevistado, como anônimo, e por ser performático, arranca mais tempo que o normal nesse tipo de abordagem jocosa das TV's. Lá pelo segundo 23, até o 57 do vídeo, ele declamou o seu poema, "Anjo Rebelde", que seria musicado pela A Chave do Sol, e gravado no segundo disco, o EP de 1985...

Mesmo ao saber que tínhamos uma sólida parceria com o poeta, Julio Revoredo, sempre insistiu para que víssemos os seus poemas, ao visar musicar algum material nosso, ou mesmo ter um espaço para realizar uma performance ao vivo. No meio de 1984, isso concretizar-se-ia enfim. E contarei logo mais sobre tal ocorrência.


Continua... 

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