segunda-feira, 21 de abril de 2014

Autobiografia na Música - Pitbulls on Crack - Capítulo 18 - Por Luiz Domingues

Iniciamos o ano de 1993, com um show no Black Jack Bar. Era uma casa pequena, com equipamento de P.A. precário, mas assim mesmo, muito tradicional no circuito Rocker de São Paulo, desde os anos oitenta, com tradição no Hard-Rock e Heavy-Metal, principalmente. Nos anos noventa, abriu mais o seu leque, ao atrair também o Punk-Rock, o Grunge e o Indie-Rock. Por considerar que fora janeiro, um mês tradicionalmente fraco por causa das férias escolares, \até que atraímos um bom público nesse show, com cerca de cem pagantes, aproximadamente (em 8 de janeiro de 1993). Foi um show correto, apesar do áudio prejudicado pela má qualidade oriunda do P.A. precário da casa.

Lembro-me que tive a infeliz ideia de usar nesse dia uma camisa bastante estampada, e fui ironizado pelos meus colegas a noite inteira por esse deslize na escolha do figurino, onde compararam-me ao falecido apresentador de TV, "Bolinha", que ficara famoso pelo mau gosto no uso de camisas espalhafatosas... mas, claro, foi o Pitbulls on Crack, e tudo tornava-se piada imediata !

O próximo show, demorou para acontecer. Só conseguimos marcar uma nova data em 18 de março de 1993, em uma exótica casa noturna chamada : "Circular Paulista", no bairro do Bom Retiro, e na verdade, tratava-se de um galpão rústico, onde a atração era um ônibus estilizado, estacionado dentro do estabelecimento. Nesse show, dividimos a noite com a banda : "Maldades de Pandhora", do meu aluno, Marcos Martines. O Marcos, que era meu aluno e amigo, ficou constrangido pelo fato da filipeta dar destaque à sua banda, e colocar-nos como "abertura" na publicidade. O fato, é que obviamente que eu sabia que isso não fora ideia dele, e para nós do Pitbulls on Crack, não importava tal referência em tom de inferioridade, na menção ao nosso nome. Tal colocação foi na verdade uma imposição da vocalista da banda, que tinha uma postura altiva e certamente descortês. Mesmo que a banda dela tivesse esse status de superioridade, e não tinha, pois o Pitbulls on Crack era uma banda emergente e com portfólio de mídia mainstream, coisa que a banda dela não tinha, tal atitude foi tresloucada, pois estávamos no mesmo barco a navegar pelo oceano underground. Falo isso como dado histórico, deixo claro, pois se não incomodou-me na época, imagine hoje em dia...

Em seguida, outra casa exótica, chamada :  "Phoenix Rock Theater", no bairro da Barra Funda, abriu-nos as suas portas. Aconteceu no dia 25 de março de 1993. Nessa altura, já estávamos quase certos em termos de constar na coletânea da gravadora  Eldorado e providenciávamos documentação para assinar o contrato de gravação. Ao considerar que todos os discos que eu gravei com A Chave do Sol foram independentes, ou parceria com um pequeno selo (Baratos Afins), seria a primeira vez na minha carreira, que eu assinaria com uma gravadora, apesar de já estar com trinta e dois (quase trinta e três anos de idade, na verdade), e dezesseis anos de carreira. Coisas da vida...

Começamos a discutir internamente quais seriam as nossas duas músicas escolhidas. "Under the Light of the Moon"; "Answer Machine", e "You've Got Me on The Run", foram as mais cotadas. Tínhamos que eliminar uma. Já tínhamos também aparições na TV.
Em um programa obscuro da TV Gazeta de São Paulo, um pedaço pequeno de nosso show na casa de shows, Broadway, em 1992, e uma mini entrevista , foi ao ar. E em março de 1993, fizemos uma boa entrevista no programa do Gastão Moreira, na MTV.  Aliás, conheci o Gastão Moreira pessoalmente no show da Broadway em dezembro de 1992, e ele contou-me um fato inusitado, naquela noite no camarim...

Continua...

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