segunda-feira, 21 de abril de 2014

Autobiografia na Música - Pitbulls on Crack - Capítulo 16 - Por Luiz Domingues


Certamente que foi engraçada a história do soco (menos para o infeliz do rapaz...), mas convenhamos, ele teve o que mereceu, pois se não saiu de sua casa para ver um show de Rock, mas para tentar sabotá-lo de alguma forma, é claro que sua má índole abalizou o soco recebido. Quanto à expectativa em torno da gravadora Eldorado, claro que foi grande. Muitas bandas, não só as de São Paulo cobiçaram essa oportunidade, e cada uma mantinha o seu lobby. Nessa hora, quem tem lobby sai na frente, pois qualidade artística é o que menos conta na mentalidade de executivos de gravadoras. Aliás, esse tipo de gente raramente entende de música. E se entende, cala-se quando adentra o sistema, e aprende a obedecer a cartilha imposta pelo sistema.

Claro, faço a ressalva que no caso da Eldorado, isso fora atenuado, pois por tratar-se de uma gravadora com médio porte, e ter no catálogo artistas alternativos e nada fabricados para o mainstream, a mentalidade era diferente, ainda bem... 

As especulações falavam sobre várias bandas. Nessa altura, dávamos como certa a contratação do Yo-Ho-Delic, mas isso não ocorreu, porque o dedo do produtor musical, Miranda, driblou o favoritismo dessa banda paulistana, e escalou o Graforréia Xilarmônica, de Porto Alegre. Essa banda era liderada pelo Frank Jorge, um artista famoso na cena underground portoalegrense. O som do Graforréia Xilarmônica era de certa forma muito parecido com o que tornou-se o Pato Fu, anos depois. Ou seja, misturavam diversas tendências, dentro de uma salada musical que atirava para todos os lados. Como no release deles mesmos, na coletânea deixou claro, ao dizer que iam de Roberto Carlos / fase Jovem Guarda, a King Crimson...

Todavia, apesar de parecer uma mistura improvável, a banda era boa, com músicos de qualidade, tanto na execução, quanto composição, e capacidade de arranjar o seu material. 

Os rumores em torno de uma banda punk de Brasília eram fortes. Tratava-se de um tal de : "Os Raimundos". E de fato, essa banda era a paixão do Miranda no momento, impressão tão forte, que no último momento, este resolvera tirá-los da coletânea, para partir direto para um álbum solo, graças ao novo selo, chamado : "Banguela", que os Titãs acabavam de lançar dentro da multinacional Warner. O Pitbulls continuava bem cotado, mas o acerto mesmo, com assinatura de contrato, só veio lá por abril de 1993. Enquanto isso, prosseguíamos a nossa rotina com shows no circuito underground paulistano. E assim entramos no ano de 1993, com esperanças renovadas, e a soar melhor ao vivo, pois estávamos a completar um ano de atividades da nossa banda.


Continua... 

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