terça-feira, 22 de abril de 2014

Autobiografia na Música - Pitbulls on Crack - Capítulo 21 - Por Luiz Domingues

Essa nota publicada no jornal "O Estado de São Paulo", logo no primeiro dia de 1993, dá uma ideia de como havia uma efervescência Rocker em São Paulo, no início dos anos noventa, a insinuar levemente que poderia haver uma nova onda de BR-Rock, para reeditar a onda oitentista, porém com a estética indie, e ainda que esta fosse uma espécie de filhote do Pós-Punk oitentista, teve a atenuante por conta da influência que o Grunge de Seattle estava a exercer.

E nesta avaliação de "melhores" de 1992 da Revista Bizz (que era a Bíblia" dos formadores de opinião, infelizmente), o Pitbulls on Crack teve menção espetacular ao meu ver. 

Nota-se que o "Skank" ainda era um ilustre desconhecido fora do mainstream, e eu recordo-me de que seus membros autoclassificavam-na como uma banda de reggae nessa época, mas já despontavam, e questão de dois anos depois, passariam a visitar o hit parade do mainstream. O mesmo caso de Daniela Mercury, que estouraria como cantora de "axé music", logo a seguir, nos holofotes do mundo mainstream. Quanto aos demais, eram nomes que despontavam no underground, como "Mickey Junkies"; "Virna Lisi"; "Yo-Ho-Delic", e "Gothic Vox". Curiosa a presença do "Second Come" em primeiro lugar, pois ao que consta-me, e corrijam-me se eu estiver errado, essa banda não aconteceu, simplesmente. "Justa Causa" é outro exemplo que não deu em nada, e convenhamos, nem no âmbito underground eu sabia de sua existência à época. "Exhort" era uma banda de Heavy Metal formada ainda nos anos oitenta, cujo baixista, Nando Machado, fora meu aluno, e ele é irmão do Felipe Machado, guitarrista do "Viper", e jornalista. O "Gangrena Gasosa" era uma banda de Metal extremo, mas tinha uma curiosa temática, pois todos os seus membros usavam vestimentas ritualísticas do Candomblé, e as músicas giravam em torno da terminologia usada entre os membros de tal religião afro-brasileira. Por esse detalhe, era bastante criativa pois se investia no surrado espectro do satanismo / ocultismo / demonologia, exaustivamente usado por bandas internacionais desse gênero, pelo menos usava o folclore genuinamente afro-brasileiro para impressionar os seus fãs. Finalmente, o tal de "Xicotinho e Salto Alto" (escrito com X, errado, eu sei...), era uma incógnita para a minha percepção. O que era aquilo, uma dupla sertaneja, ou uma banda de rock satírica ?


Para efeito de autobiografia, chama-me a atenção que no virar de 1992 para 1993, nós tenhamos suplantado o "Yo-Ho-Delic", que vinha de uma labuta mais antiga que a nossa, desde 1991, pelo menos. Além de ter maior longevidade, tal banda quando começamos a dar os nossos primeiros passos, era a mais "hypada" nas conversas de bastidores pelas casas noturnas do circuito indie de São Paulo, e também nas rodinhas formadas por jornalistas; músicos e produtores musicais. O fato de nós a termos superado na reta final, mesmo ao entrarmos na corrida depois, foi extraordinário, e explica um pouco o por que deles ter sido preteridos pela gravadora, a constar da coletânea, e nós confirmados, ao contrário.
Continua...

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