segunda-feira, 7 de abril de 2014

Autobiografia na Música - A Chave do Sol - Capítulo 118 - Por Luiz Domingues


Outras intervenções que criamos, foram igualmente performáticas.
Uma delas, eu concebi ao recordar-me de um velho truque cênico que o Alice Cooper usava nos anos setenta, que fora o da simulação de brigas pelas coxias, para visar despertar a dúvida no público, se tratava-se de alguma confusão gerada entre técnicos da produção, penetras ou alguém inusitado.

Então, essa foi minha singela homenagem à "tia" Alice, um dos artistas que mais apreciei na década de setenta. Em nosso caso, consistia em quatro atores que envolver-se-iam em uma briga, que começaria nos bastidores, e teria uma rápida incursão pelo palco. Três deles perseguiriam um suposto foragido, que tentaria refugiar-se atrás da bateria do Zé Luiz, sob um esforço desesperado para  resguardar-se... e a estranheza gerada suscitaria as seguintes perguntas : quem seriam os perseguidores e o perseguido ? Qual seria o motivo dessa perseguição ? Aquilo viria da rua ? Teria algo a ver com o show ? 

Essas dúvidas, todas plantadas subliminarmente, seriam exatamente o que gostaríamos em fomentar na mente do espectador, ao trazer-lhe algo inusitado em meio a um show de Rock tradicional, pois aconteceria com a banda a tocar normalmente, e a ignorar a ação toda dos atores, o que reforçaria a estranheza do público. Ao pensar na sketch, hoje em dia, admito que assumimos um risco. Os atores simulariam o tumulto, no corredor de acesso, e em meio a pessoas em pé, provavelmente se o Teatro tivesse a lotação que esperávamos (e teve). 

Em um tumulto assim, com a banda a tocar sob a pressão de som do P.A. e pessoas desavisadas do caráter teatral da ação premeditada, alguém poderia envolver-se, para tentar defender o rapaz perseguido, ou se houvesse um policial na plateia, poderia intervir, e o que seria para ser apenas um efeito dramatúrgico, poderia tornar-se um tumulto verdadeiro. E por falar em tumulto, correríamos esse risco, com pessoas a assustar-se e naquela estrutura frágil de segurança que o Lira Paulistana possuía, um tumulto com pessoas a sair em correria, poderia gerar uma tragédia. Logo mais, falo sobre como aconteceu toda essa encenação, de fato, nos dois shows...

Continua... 

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