Neste meu segundo Blog, convido amigos para escrever; publico material alternativo de minha autoria, e não publicado em meu Blog 1, além de estar a publicar sob um formato em micro capítulos, o texto de minha autobiografia na música, inclusive com atualizações que não constam no livro oficial. E também anuncio as minhas atividades musicais mais recentes.
quinta-feira, 20 de março de 2014
Autobiografia na Música - A Chave do Sol - Capítulo 93 - Por Luiz Domingues
Então o ano de 1984 iniciou-se. Estávamos bastante eufóricos com a perspectiva em gravar o nosso primeiro disco, e assim esforçamo-nos para ensaiar o melhor possível e cuidar dos detalhes da produção, que ficaram por nossa conta, no acordo que fizemos com o Luiz Calanca. Logo na primeira semana de janeiro, agendamos uma sessão de fotos, para visar ilustrar a contracapa do compacto. Lembro-me que foi em um sábado, no período da tarde, que o fotógrafo, Fábio Rubinato, compareceu à casa do Rubens, onde tínhamos o nosso QG.
José Reis (meu amigo e roadie do Pitbulls on Crack na época); Nilton "Cachorrão" Cesar (vocalista do Centúrias); eu (Luiz Domingues), e Junior (aluno meu, na época), no Parque Antártica em 1994, a assistir a partida : Palmeiras x Peñarol do Uruguai, e a sermos flagrados pelo click de Fábio Rubinato
O Fábio era fotógrafo profissional e experiente, já naquela época, apesar de ser ainda bem jovem. Anos depois, ele tornar-se-ia fotógrafo oficial da Federação Paulista de Futebol (posteriormente foi contratado da CBF e a Conmebol), e eu o encontrei diversas vezes em estádios de futebol, por conta dessa colocação que ele assumiu. Inclusive, ele tirou uma foto minha, acompanhado de meus amigos José Reis; Nilton "Cachorrão" Zanelli (vocalista do Centúrias), e Junior, em 1994, de dentro do campo do Palestra Itália, quando avistou-nos na mureta da arquibancada, em um jogo entre Palmeiras e Peñarol de Montevidéu (foto exposta acima). De volta à Chave do Sol, o Fabinho Rubinato era amigo de meus primos mais velhos, Marco Antonio e Rubens Turci, e eu o conhecia desde os anos setenta, quando a fotografia era apenas um hobby para ele.
Apreciamos juntos, muito som na casa de meus primos, nos anos setenta etc. Quando pensamos em contratar um fotógrafo, pensei nele, e por isso foi a minha indicação que prevaleceu. Mas na base do improviso e sem as condições de um estúdio profissional com luz adequada; guarda-chuva; fundo infinito, e outros recursos, não dava para fazer fotos realmente incríveis. Em ritmo de camaradagem, estávamos apenas a bancar os filmes e a ideia foi usar o quarto de ensaios da banda, e usarmos criatividade e luz natural. O Fabinho clicou várias fotos na sessão e quando revelamos, as fotos do Zé Luiz não estavam com uma iluminação satisfatória, e nenhuma apresentou ao menos, uma expressão facial convincente da sua parte. Então não tivemos outra alternativa a não ser fazer uma nova sessão, exclusiva para capturar uma boa foto do Zé Luiz, mas desta feita, ele quis fazer com outro fotógrafo. Para agilizar, convocou o irmão de sua namorada à época, o Seigi (Renato) Ogawa, que realmente apesar de ser amador, possuía uma máquina boa e gostava de fotografar. Tanto que o Ogawa fotografou vários shows d'A Chave do Sol, também, principalmente na fase inicial da carreira da nossa banda.
Essa sessão ocorreu sem a presença do Rubens ou da minha. Apenas os dois, Ogawa e Dinola, foram à Praça do Por-do-Sol, um lugar aprazível no bairro de Pinheiros, na zona oeste de São Paulo, e é de lá que saiu a bucólica foto do Zé Luiz na contracapa do compacto. A foto do Rubens e a minha, foram extraídas da sessão do Fabinho, em nossa sala de ensaio. A do Rubens, contém um close-up, como a ofertar um escurecimento proposital. Foi ideia do Fabinho usar um Abatjour, improvisadamente para obscurecer o ambiente, mediante uma echarpe escura. Além de uma lente especial que usou, a intenção foi criar uma atmosfera misteriosa.
Muita gente estranhou a foto escurecida e reclamou disso, ao considerar tratar-se de uma discrepância em relação às demais. De fato que destoa, sem dúvida, mas creio que ficou com um diferencial importante. E quanto à minha, tive a ideia em quebrar o visual Rocker tradicional, ao usar uma gravata. O contraste da longa cabeleira com a gravata comportada, ficou interessante. Não foi nada revolucionário no mundo do Rock, mas causou um efeito bom, pois muita gente na época, incluso jornalistas, perguntou-me o motivo da gravata.
E lá estou eu na contracapa do compacto, parado na porta da nossa sala de ensaios. E um detalhe minúsculo dera a quebra da quebra do paradigma : na gravata, teve um bottom com a figura do Eddie Van Halen. Eu não era nenhum fervoroso fã do Van Halen (muito longe disso, aliás), mas sem dúvida que fora um elo setentista Rocker, que serviu-nos como uma boia salva-vidas no meio daquele oceano revolto onde encontrávamo-nos, com Punk, Pós-Punk, e seus derivados abomináveis oitentistas, a dar as cartas...
Continua...
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