Neste meu segundo Blog, convido amigos para escrever; publico material alternativo de minha autoria, e não publicado em meu Blog 1, além de estar a publicar sob um formato em micro capítulos, o texto de minha autobiografia na música, inclusive com atualizações que não constam no livro oficial. E também anuncio as minhas atividades musicais mais recentes.
segunda-feira, 3 de março de 2014
Autobiografia na Música - Patrulha do Espaço - Capítulo 6 - Por Luiz Domingues
Sem dúvida que foi uma pena não ter gravado essa Jam Session inicial, pois representaria um documento valioso hoje em dia. Tocamos por duas horas, ou seja, o tempo que alugamos o estúdio, mas pela sinergia criada, poderia ter durado a madrugada inteira. Depois de encerrada a sessão, eu fui levar o Rolando Castello Júnior ao apartamento onde ele estava hospedado, e estrategicamente, os meninos foram junto, conosco. Deixamos o equipamento e os instrumentos em minha casa, e fomos levá-lo ao bairro de Santa Cecília, próximo ao centro de São Paulo.
A estratégia seria não falar nada diretamente, e tratar a Jam como uma atividade meramente recreativa, sem nenhuma segunda intenção, exatamente para despertar nele a vontade espontânea em abordar-nos, com outro enfoque. Falamos muito laconicamente que estávamos juntos em um projeto de banda nova, e que tínhamos vinte e uma músicas compostas e arranjadas. Então o deixamos na porta do apartamento, e ele caiu na primeira isca, pois espontaneamente, eis que propôs que prolongássemos a noitada, em um bar, ali perto.
Ficamos até as 4:00 horas da manhã a conversar, e claro, após ficar bem descontraído o ambiente, ele ficou a contar-nos histórias da sua vida; do início da Patrulha do Espaço; Made In Brazil, suas andanças pela Argentina e México etc. Mesmo assim, não forçamos nada sobre o Sidharta, nem mesmo para convidá-lo a ouvir as gravações caseiras das nossas músicas. Permanecemos a rir e falar dos anos sessenta e setenta, e ao final, despedimo-nos sem combinar nada. Um fator sintomático, no entanto, foi quando em determinado momento, ele ficou um pouco depressivo, e passou a falar que não acreditava mais na música, no Rock etc. Foi exatamente por esse sintoma de desilusão, que não abrimos mão de mudar a estratégia, e não forçar a barra em nenhum momento. Fomos embora e no caminho, os meninos e eu comemoramos a jam que fluiu musicalmente de forma soberba, mas tínhamos dúvida se ele voltaria a procurar-nos, e pelo fato de nós sabermos que só funcionaria se ele tomasse a iniciativa. A Jam ocorrera em uma sexta-feira, e passado o sábado, recebi o telefonema dele no domingo a noite. Queria saber se eu poderia encontrá-lo na quarta-feira, na hora do almoço, em uma xerox da Rua Augusta, onde estaria. Pediu-me que não comentasse com os garotos e isso intrigou-me. Temi que talvez fizesse restrições em relação à pouca idade deles, inexperiência etc.
Continua...
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