segunda-feira, 3 de março de 2014

Autobiografia na Música - Patrulha do Espaço - Capítulo 7 - Por Luiz Domingues



Na ligação ele foi sucinto, só a marcar o encontro, e sem mencionar mais nada. Já naquele encontro no bar, pós-Jam, ele também não deixou transparecer nenhuma emoção, e não havia como falar reservadamente sobre os meninos, pois eles estavam presentes na mesa. 

Mas eu sabia que era tudo estratégia da parte dele, pois é claro que havia impressionado-se com a banda. Tanto foi assim, que o jogo foi aberto na hora em que encontramo-nos, na quarta-feira subsequente. Não falei nada aos meninos, para não criar expectativas.

Fui encontrar-me com o Júnior, e ele estava em uma papelaria da Rua Augusta, a xerocar material de seu portfólio pessoal, com o objetivo em buscar patrocínios para um show que faria, a visar comemorar os seus trinta anos de carreira, que completavam-se em 1999. Com a estratégia em não demonstrar emoções, pôs-se a falar que estava a precisar formar uma banda para servir de apoio em tal show, e perguntou-me se eu achava que os garotos exerceriam essa função, com segurança. Eu disse que sim, apesar da inexperiência de ambos, tudo seria superado pelo talento dos dois. Então ele começou a perguntar sobre o Sidharta; como conheci os dois meninos; quantas músicas tínhamos compostas etc. Respondi aos seus questionamentos, mas não esbocei a nossa intenção em pedir-lhe nada.


Então, espontaneamente, ele perguntou-me se tínhamos gravações dessas músicas, ainda que precárias, provenientes de ensaios. Eu  disse-lhe que sim. Então ele pediu para ouvi-las. Dessa forma, marcamos para o sábado seguinte, uma audição dessas fitas K7, onde ele enfim as conheceria. Comparecemos eu e o Rodrigo, dessa vez. Ele começou a ouvir, e com um caderno e uma caneta, ouvia e fazia anotações enigmáticas, pois não deixava-nos ver o que estava a observar em notas manuscritas. Limitava-se a perguntar-nos o nome de cada canção. Muitas vezes parava para anotar algo, voltava, e ouvia um trecho em específico, ao passar para a seguinte canção. Ao final, agradeceu e disse-nos que faria contato na segunda-feira. Antes disso, chamou-me novamente e reservadamente, para outra conversa, onde fez mais perguntas sobre os dois rapazes. 

Estava impressionado com a versatilidade e técnica de ambos, mas forçava para não transparecer. Fazia parte de sua estratégia esse mistério todo. Então, finalmente ligou-me e fez uma proposta : se aceitaríamos ser a banda de sua festa, e depois do evento, tornássemo-nos a nova Patrulha do Espaço, ao incorporar esse material do Sidharta. Usou o argumento de que começar um trabalho da estaca zero, seria muito difícil e que com a marca "Patrulha do Espaço", seria muito mais fácil alavancar shows, mídia espontânea, e chance para gravar um CD, mais rapidamente. Ele tinha razão, certamente.


Continua... 

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