Neste meu segundo Blog, convido amigos para escrever; publico material alternativo de minha autoria, e não publicado em meu Blog 1, além de estar a publicar sob um formato em micro capítulos, o texto de minha autobiografia na música, inclusive com atualizações que não constam no livro oficial. E também anuncio as minhas atividades musicais mais recentes.
sexta-feira, 28 de março de 2014
Autobiografia na Música - A Chave do Sol - Capítulo 97 - Por Luiz Domingues
A gravação da base da música : "Luz", foi relativamente rápida. Dado o caráter em gravarmos ao vivo, tivemos que fazer dois ou três tomadas apenas, motivados por pequenos erros pontuais de um ou de outro. Mas realmente foi muito pouco, ao demonstrar que a nossa eficácia fora um fruto adquirido por conta de uma pré-produção esmerada, com muito ensaio.
Hoje em dia, acho que o andamento dessa música deveria ser um pouco para trás. Daquele jeito que gravamos, tem um entusiasmo, mas acho que um pouco mais lento traria um balanço maior. Penso nisso pela questão da linha melódica em primeira instância, claro, mas também pelo fato de que muitas convenções poderiam (e deveriam na verdade), ter saído com mais "swing".
Na base da otimização máxima do tempo, apenas checamos a afinação, e partimos direto para a gravação da base de : "18 Horas". Naturalmente, esse tema seria bem mais difícil, por ser longo, cheio de convenções precisas, e por apresentar solos da parte dos três instrumentos. Começamos a gravar com muito foco, e apesar do grau de dificuldade maior, além de estarmos muito bem ensaiados, sentimo-nos muito mais a vontade na hora de gravar, "18 Horas", pelo fato de estarmos aquecidos e ambientados ao estúdio.
Isso sem mencionar o fato em termos adquirido confiança no técnico, Robson T.S. , fator fundamental também nesse processo. No momento em que chegou o meu solo, senti uma certa insegurança por conta do fone de ouvido. Faltou-me a experiência para pedir ao técnico que empreendesse um ganho de volume naquele momento, ao pilotar o som do baixo na mandada do monitor. Com isso, toquei de forma linear como foi o plano durante a música normal. Por outro lado, o fato da guitarra parar naquele trecho, conforme o arranjo que criamos, contribuiu para a minha melhor audição. Somente a constar a bateria do Zé Luiz, a acompanhar-me, ficou mais fácil, evidentemente. Na hora do solo do Zé Luiz, a nossa preocupação foi em não alterar em demasiado o andamento, para arriscarmos arruinar a volta à música na sua parte final.
Como não estávamos a usar metrônomo, esse risco mostrara-se muito grande, pois ao tratar-se de um solo, em algum momento ele desviaria a atenção da marcação e sem chão, o pulso seria perdido.
De fato, nós tentamos ensaiar com o "click", mas músicos intuitivos que éramos, a rigidez espartana do metrônomo atrapalhava-nos demais, ao tirar-nos toda a segurança. De volta à gravação, digo que sim, naturalmente que o andamento voltou oscilado, mas aos ouvidos do grande público leigo, e sejamos francos, também de quase todos os críticos e muitos músicos, tratou-se de um erro imperceptível. Só maestros; musicólogos ou produtores perfeccionistas percebem tal sutileza. E passados esses dois momentos críticos da música, apesar do longo solo de guitarra, e algumas convenções difíceis, foi mais fácil gravar a base.
Nesse caso, invertemos um fator em relação à gravação de "Luz", pois tocamos realmente como se fosse ao vivo, com o solo do Rubens tendo sido gravado de fato e a dispensar o uso do "overdub". Dessa forma, ele reforçou algumas facetas apenas em um rápido overdub, no dia seguinte. E como sobrou um tempo dentro de nossas previsões, resolvemos incorporar um luxo extra, de última hora. Como havia muito equipamento dos Pholhas à disposição no estúdio, resolvemos reforçar o riff principal de "18 Horas" com intervenções de teclados.
Queríamos usar o vistoso Mini-Moog, mas como não sabíamos que timbre escolher, e o objetivo seria apenas reforçar a convenção e não fazer solos ou efeitos exagerados no decorrer do tema, resolvemos optar pelo uso do Clavinete Hohner D6, outro teclado tipicamente setentista.
O Rubens fez a gravação e apesar do timbre marcante do teclado, na soma com baixo e guitarra, ficou como um mero reforço, ao estabelecer uma espécie de sombra, quase invisível. Quase não dá para notá-lo, mas eu sei que está lá. E assim encerramos o primeiro dia de gravações, satisfeitos com o resultado, e certamente já a eliminar cerca de 75 % do processo, pois os overdubs de guitarra, e as vozes seriam bem mais fáceis para ser concluídos.
Continua...
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