Neste meu segundo Blog, convido amigos para escrever; publico material alternativo de minha autoria, e não publicado em meu Blog 1, além de estar a publicar sob um formato em micro capítulos, o texto de minha autobiografia na música, inclusive com atualizações que não constam no livro oficial. E também anuncio as minhas atividades musicais mais recentes.
terça-feira, 11 de março de 2014
Autobiografia na Música - A Chave do Sol - Capítulo 84 - Por Luiz Domingues
Sem empresário; produtor ou alguém que gerenciasse os nossos interesses de uma forma profissional, ficamos muito frustrados com a negativa da direção do programa, "A Fábrica do Som", em ceder-nos o volume de cartas que haviam chegado à emissora, a citar-nos.
Se tivéssemos tido esse contato, naturalmente poderíamos ter capitalizado algo bom em nosso favor, mas perder esse "momentum", frustrou-nos. De outro lado, era compreensível que a TV Cultura não fizesse isso, pois legalmente a falar, as missivas pertenciam-lhes e não haveria cabimento em fazer isso, e mesmo por camaradagem, seria um crime fornecer um mailing para outrem. Além do precedente aberto, pois todo artista participante do programa sentir-se-ia no direito de fazer o mesmo.
Então, tomamos a atitude que estava às nossas mãos na época : abrimos uma Caixa Postal, onde passaríamos a ter um canal de comunicação direto com o público, ao englobar fãs; admiradores; produtores de shows; questões relacionadas aos discos que pretendíamos lançar ou de quaisquer outras oportunidades, afins.
O Rubens morava cerca de cem metros de uma agência do Correio, e mediante consulta prévia, descobrimos todas as obrigações que teríamos que cumprir no âmbito burocrático e dessa maneira, tratamos por tomar tais providências. Como no caso do registro do nome no INPI, que ficou em nome do Rubens porque só uma pessoa física poderia assumir essa responsabilidade, no correio foi o mesmo e mais uma vez o Rubens tornou-se o proprietário, pois era morador do bairro. Mas na parte prática, eu é que assumi a responsabilidade dela, pois tornou-se minha rotina diária por anos a fio, passar na agência e verificar o movimento da caixa. No início, não, mas logo tornar-se-ia importante não faltar um só dia, pois em caso de falta, o volume acumulado mostrava-se significativo
E sendo assim, o número "19090", tornou-se emblemático na vida da banda, ao ser repetido como um mantra, em diversas entrevistas de TV; Rádio; Shows ao vivo e publicações em jornais; revistas; cartazes e filipetas. "19090"... um número que marcou para nós, e muita gente que gostava do trabalho !
Para aproveitar ainda o parênteses, falo sobre Wagner "Sabbath", um agregado da banda que acompanhou-nos com bastante frequência nos primeiros tempos, e que apresentou-nos o poeta, Julio Revoredo, como já salientei no capítulo anterior. Ele era um rapaz que tinha o sonho acalentado em sua alma, de vir a ser um vocalista de Rock. Queria tal intento a todo custo, e convenhamos, o sonho era legítimo, pois todo mundo que entra para a música, é movido por essa mesma motivação onírica.
Wagner "Sabbath". Acervo de Julio Revoredo
Ele começou a frequentar as apresentações do Terra no Asfalto (minha banda cover de então, 1979-1982), em 1981. Lembro-me de tê-lo visto pela primeira vez, no bar 790, que ficava no Itaim-Bibi, bairro da zona sul de São Paulo. Bastante extrovertido, sempre pedia para participar em nossas apresentações, ao alegar ser cantor etc e tal. Lembro-me que em uma ocasião, o Paulo Eugênio o deixou apresentar -se durante um intervalo da banda. Ele tocou a usar a sua própria guitarra, uma Giannini, e cantou duas ou três músicas ("Paranoid", do Black Sabbath; "Smoke on the Water", do Deep Purple e "Cocaine", do JJ Cale). E vou contar-lhe, meu caro leitor : apesar de não saber nada sobre teoria musical, ele não decepcionou, não. Só o inglês macarrônico depunha contra, mas a voz era afinada, e ele tinha ritmo, noção de andamento etc. E assim, ao estreitar amizade, soube da fundação d'A Chave do Sol e esteve presente no primeiro show da banda, em 25 de setembro de 1982. Nesse dia, levou também um amigo / vizinho seu, que tornar-se-ia um grande amigo e colaborador não só d'A Chave do Sol, como de outros trabalhos meus : o poeta, Julio Revoredo. Aliás, ambos revelaram-me que o Julio assistira um show do Terra no Asfalto, portanto ele conhecia-me antes do que eu o conhecera, formalmente.
O poeta, Julio Revoredo em foto de 1984. Acervo dele próprio.
Vou falar bastante sobre o poeta, Julio Revoredo, doravante, pois ele tornou-se um parceiro importantíssimo como letrista, mas também foi uma testemunha ocular de diversas passagens de nossa carreira. E o Wagner "Sabbath" continuou as suas investidas para ser vocalista oficial d'A Chave do Sol. Desde que assistiu-nos, com o Percy, ele já insistia em participações a esmo ou testes. Foi a várias apresentações nossas com a Verônica Luhr no comando de nosso microfone, mas nunca desistiu e sempre pedia para cantar ao vivo, principalmente no Devil's Bar, que mantinha um clima mais despojado. E isso persistiu até meados de 1985, pelo menos !
Mas nem tudo foram flores nessa insistência dele e assim, houve momentos de exagero nisso, que relatarei, certamente no momento oportuno da cronologia. Falta um último parênteses para eu voltar a falar da terceira apresentação no programa, "A Fábrica do Som". Nesse ínterim, comemoramos o aniversário da banda, com um ano marcado por atividades intensas, através de uma festa produzida por nós mesmos, mas com a característica de show, e de fato, o computamos como show oficial...
Continua...
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