terça-feira, 4 de março de 2014

Autobiografia na Música - Pedra - Capítulo 6 - Por Luiz Domingues

Essa situação em contar eventualmente com três guitarristas seria apenas uma hipótese (pois afinal de contas, apesar de ser multi instrumentista, a guitarra sempre fora o instrumento principal do Rodrigo, portanto a sua especialidade), mas não queríamos cometer excessos. Outro ponto importante foi que esse tipo de formação com três guitarras, funcionaria bem se a banda fosse fechada no estilo do "Southern Rock". Em qualquer outra escola de Rock, ou de outros gêneros, é normalmente difícil concatenar três instrumentos de forma criativa, e a observar o cuidado para que um  guitarrista não atrapalhe o outro, e a banda soe confusa, por conseguinte.

E logo mais, questão de apenas dois meses, o Rodrigo estaria a assumir o seu posto de forma natural, com a saída do guitarrista, Tadeu Dias, mas já chego lá. E só para constar, o Southern Rock também é influência forte.

A ensaiar com Rodrigo Hid, já a fazer parte da banda, e nos primeiros ensaios, mais a adaptar-se à vocalização das canções que tínhamos, até então. Foto de Grace Lagôa

A música "Estrada", por exemplo, tem muito desse estilo em vários momentos, principalmente nos desenhos das guitarras, e da linha do baixo. Então, o Rodrigo veio conhecer o trabalho. Aprendeu as primeiras músicas que tínhamos, e já trouxe ideias, como por exemplo o riff de "Estrada", que logo no início de 2005, seria concretizada, por exemplo.



Nos primeiros ensaios, o Rodrigo exibia o semblante cansado, exatamente como eu estava no início, quando comecei a ensaiar em outubro. O que ele estranhara no início, foi apenas tocar teclados, e em determinadas músicas, só com a presença das guitarras tocadas por Xando e Tadeu, e ter que atuar apenas como vocalista, sem um instrumento à mão. Definitivamente, ele sentira essa falta, pois apesar de ser um excelente cantor, não estava acostumado a atuar com as "mãos vazias". Dava para sentir esse desconforto nos primeiros ensaios, mas essa situação seria consertada em apenas dois meses, sem que precisássemos fazer nada, pois o guitarrista, Tadeu Dias, deixaria a banda, infelizmente.

Interrompemos os ensaios por ocasião das festas de final de ano e entramos em 2005, com tudo, animados com a entrada do Rodrigo, e por notarmos novas músicas a surgir e aumentar por conseguinte, o repertório. De pronto, vimos que a voz e jeito de interpretar do Rodrigo foi o que encaixara-se perfeitamente no som do Pedra. O segundo ponto foi que seus dotes como tecladista agregaram muita qualidade ao trabalho. O Xando conhecia e o admirava à distância, mas eu conhecia muito bem o potencial do Rodrigo como tecladista.

Ele pilotava órgão Hammond; Mini Moog; Fender Rhodes e piano acústico, com desenvoltura, à moda dos tecladistas dos anos sessenta / setenta, ou seja, a agregar valor, e por não cumprir as burocráticas e sofríveis caminhas harmônicas, que tecladistas medíocres faziam.

A formação do Pedra, no início de 2005, em foto de Grace Lagôa nas dependências do estúdio Overdrive. Da esquerda para a direita : Xando Zupo; Alex Soares; Luiz Domingues; Tadeu Dias, e Rodrigo Hid

Mas mesmo assim, sabíamos que seria um desperdício ele não tocar guitarra e violão acústico, outras de suas potencialidades múltiplas.
Nessa altura, músicas como : "Vai Escutando", e "Me Chama na Hora", ficaram muito sofisticadas com o acréscimo dos teclados do Rodrigo. Tem momentos brilhantes de Soul Music, nelas, graças aos seus arranjos, nos teclados.

Rodrigo Hid no início de 2005, em seu início na banda. Foto de Grace Lagôa

Continua...
 

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