Neste meu segundo Blog, convido amigos para escrever; publico material alternativo de minha autoria, e não publicado em meu Blog 1, além de estar a publicar sob um formato em micro capítulos, o texto de minha autobiografia na música, inclusive com atualizações que não constam no livro oficial. E também anuncio as minhas atividades musicais mais recentes.
segunda-feira, 18 de novembro de 2013
Autobiografia na Música - Língua de Trapo - Capítulo 136 - Por Luiz Domingues
Jerome Vonk
Jerome Vonk foi um empresário muito eficiente, mas que colocava-se em uma posição em pé de igualdade para conosco. Talvez por ser bem jovem, pouca coisa mais velho do que alguns componentes da banda. Muito culto, educado, mas ao mesmo tempo um tremendo brincalhão, tinha o pulso para impor-se como um comandante, quando necessário, mas na maior parte do tempo, era "um de nós". Holandês de nascimento, "afrancesou" o seu nome, pois segundo dizia-nos, não conseguiríamos pronunciá-lo, na fonética holandesa. Poliglota e amante de Blues; Jazz e Rock Sessenta / Setentista, tinha / tem uma bagagem muito rica na música, por ter sido um Road Manager de confiança de Claude Nobs, o organizador do Festival de Montreaux. Como o Jerome era europeu, mas com vivência no Brasil, desde criança, além de ser um poliglota, conhecia bem o temperamento dos brasileiros e suas manias, portanto, foi o profissional ideal para lidar com os artistas brasileiros, na noite brasileira, tradição do Festival. E de fato, a sua brasilidade era tão grande, que não havia nenhum resquício de sotaque no seu português. Pelo contrário, falava um português impecável e com sotaque paulista / paulistano. Gostei muito de trabalhar com ele, e tanto foi assim, que por pelo menos duas vezes, tentei fazer com que ele tornasse-se o empresário d'A Chave do Sol, tempos depois. A banda crescia e justificava tal pretensão de nossa parte, contudo, ficou nítido que ele nunca enxergou tal potencial, pois não aceitou os nossos pedidos, em duas ocasiões. E lembro-me que ele ficou bastante embaraçado em falar-nos sobre isso. Deve ter sido uma saia justa para ele, pois éramos amigos, e eu mantinha muitas esperanças em torno da banda, mas ele não devia enxergar dessa forma. Encontrei-o por acaso em um show do Jethro Tull, em São Paulo, no ano de 1988. Conversamos muito rapidamente, apenas.
Muitos anos passaram-se, e em 1994, eu recebi um telefonema dele. Estava então em outra empreitada musical, desta feita, a presidir o escritório de uma gravadora holandesa em São Paulo. Estava a montar o escritório da "Roadrunner", um selo especializado em Heavy-Metal e derivados, e queria um funcionário de confiança para assumir a posição de diretor artístico, para cuidar das contratações, e supervisionar as gravações de tais artistas. Fiquei muito contente com o convite, mas o meu inglês era abaixo do sofrível, e essa condição foi sine qua non para assumir o cargo. Além disso, o mundo do Heavy-Metal sempre foi um planeta distante e desinteressante no meu caso, por isso, declinei do convite. Curiosamente, alguns meses depois, a própria gravadora entraria em negociação com o Pitbulls on Crack (minha banda na ocasião), para visar a nossa contratação para o seu elenco. E as conversas foram conduzidas pela Alê, baixista da banda Indie, "Pin Ups", que assumiria o cargo anteriormente oferecido-me. Encontrei-me com o Jerome várias vezes naquele escritório durante a década de noventa e uma vez ele brincou comigo, ao dizer-me que eu e ele devíamos ser as únicas pessoas naquele ambiente, sem tatuagens e piercings... éramos Rockers da velha guarda, do tempo em que tatuagem era coisa de presidiário ou marinheiro, enfim... Algum tempo depois, ele foi o gerente da Rádio Kiss FM, uma emissora que entrou com tudo no mercado, e sob a sua batuta como programador geral, só tocava clássicos do Rock, ao estabelecer uma programação dos sonhos. Mas eis que um dia, a programação começou a ficar esquisita e claro, o "holandês voador", havia saído. Estamos no Facebook, também, mas falamo-nos pouco, atualmente.
Cida Ayres
Profissional importantíssima durante a segunda passagem que tive na banda, Cida Ayres foi uma produtora exemplar. Braço direito do Jerome, Cida Ayres foi uma produtora muito eficiente, e querida por todos nós, por ter sido uma facilitadora em todas as circunstâncias. Em meio ao turbilhão de indisposições e melindres em que vivi na minha segunda passagem pela banda, por conta em estar em duas bandas autorais simultaneamente, e com interesses conflitantes de agenda, para a minha sorte, ela afeiçoou-se à Chave do Sol, também, e deu-nos uma ajuda incrível, inclusive ao facilitar o fechamento de shows. Agradeço muito a Cida Ayres, por tudo que proporcionou-me no trabalho cotidiano com o Língua de Trapo, e também pela providencial ajuda que prestou para A Chave do Sol. Fiquei muitos anos sem falar com ela, mas soube que estava a atuar como produtora, com a empresária da Xuxa, Marlene Mattos, no próprio : "Xou da Xuxa". Fiquei muito contente por saber que crescera como produtora e de fato, ela tinha um talento nato para tal função. Depois disso, ela trabalhou com duplas sertanejas do mainstream, e foi executiva de gravadora multinacional.
Em 2010, encontramo-nos na extinta Rede Social, Orkut, e ela apreciara alguns vídeoclips do Pedra, a minha banda na ocasião. Chamou-me para uma conversa, e mostrou-se interessada em ajudar-nos. Uma segunda reunião foi agendada, e dessa vez eu levei a Cida Cunha, que estava a voluntariar-se para fazer produção para o Pedra. A conversa foi boa, a Cida Ayres passou inúmeros contatos fortes de Rádio e TV que detinha, para a sua xará. Contatos grandes dentro da TV aberta, inclusive. Contudo, nada logrou êxito, pois tratou-se de uma outra época, e nesses tempos de jabá, só o contato e a amizade, não bastavam. Ela deu o seu melhor, mas evidentemente que não teve culpa alguma por nada ter dado certo. Mas sem problemas, fiquei contente em vê-la bem, a trabalhar em uma produtora de vídeos, e ainda a tentar ajudar-me, tantos anos depois.
Louis Chilson
Louis Chilson foi uma figura sensacional para nós, por ter acompanhado bem a trajetória da banda em 1983 e 1984. Produtor e diretor de cinema, foi o responsável pela produção; direção e edição da vinheta do vídeo, em película em Super-8, que fazia parte do show.
Tremenda pessoa do bem, era (é) um norteamericano meio brasileiro, por ser filho de mãe brasileira e portanto, falar português sem sotaque. Muito culto, cinéfilo e formado em cinema pela UCLA, tornou-se um ótimo amigo naqueles meses em que estive na banda, pela segunda vez. Seu conhecimento sobre o cinema era enciclopédico, e assim, tivemos muitas conversas sobre o assunto, além de séries clássicas da TV, também uma paixão mútua. Anos depois, reencontramo-nos no Facebook, em 2012.
Continua...
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