terça-feira, 19 de novembro de 2013

Autobiografia na Música - Língua de Trapo - Capítulo 139 - Por Luiz Domingues

Serginho Gama
Sergio Gama e Silva, o popular, Serginho Gama, entrou na banda praticamente quando eu saí pela primeira vez, em 1981. Ele é hoje, o segundo membro mais antigo da banda, só a perder para o Laert Sarrumor, nessa longevidade. A sua situação é semelhante à parceria do Ian Anderson, com o Martin Barre, no Jethro Tull, ou seja, um verdadeiro fiel escudeiro do Laert. Serginho é um grande músico; arranjador e maestro da banda, desde então. E aprendeu a ser um elemento cômico, quando apurou a sua performance ao longo do tempo, e tornou-se assim, um músico importantíssimo para a banda, mas também importante como um ator de apoio às sketchs. Calmo, sensato e brincalhão nos bastidores, sempre foi um colega agradável comigo, ao ajudar-me com dúvidas de harmonia, logo que voltei para o grupo, em 1983. Também vemo-nos sazonalmente, mas estamos conectados nas Redes Sociais da Internet. 

Além do Língua de Trapo, na atualidade, o Serginho mantém trabalhos paralelos, incluso um duo espetacular de violões com o baixista atual do Língua, Cacá Lima, onde fazem releituras sensacionais para clássicos do Rock 1960 / 1970, de forma instrumental, muito criativa e técnica.

Nahame "Naminha" Casseb


O Nahame Casseb, popular, "Naminha", é um tremendo baterista, técnico e muito preciso. Sempre que detectava um erro de andamento, ficava muito bravo no palco, pois não conformava-se com os demais músicos da banda, por não ter essa percepção tão precisa quanto a dele. Mas além desse perfeccionismo compreensível, era / é, um tremendo amigo, super brincalhão, com alto astral.

Descendente de árabes, mas com olhos azuis, era muitas vezes chamado como : "Lawrence da Arábia", uma brincadeira óbvia, e sob cunho cinematográfico, aliás, um mote comum para quase todos os componentes do Língua de Trapo, incluso eu, pois éramos uma banda formada por cinéfilos, sem dúvida. Algumas vezes, eu, Luiz Domingues; ele, Naminha e Serginho Gama, brincávamos de tocar trechos de obras clássicas do Rock Progressivo setentista, nos momentos de soudcheck, paixão mútua entre nós três. Muitas vezes tocamos trechos de músicas do Yes, para equalizar a banda no soundcheck. Desinibido, contribuía também com a parte cênica, dentro do possível, pois para os bateristas sempre fica muito difícil fazer coisas além de sua função vital ao instrumento.


Naminha morou muitos anos no Japão, onde acompanhou grandes artistas da MPB, em shows realizados naquele país. Encontramo-nos em 1996, por ocasião do Show Tributo à Janis Joplin, organizado pelo Laert, e foi a última vez em que tocamos juntos. Falamo-nos pouco atualmente, mas estamos conectados no Facebook. Naminha é uma fera como side man para artistas da pesada da MPB, e já acompanhado vários astros, incluso o grande, Cauby Peixoto, com o qual tocou até os últimos dias desse grande cantor.

João Lucas

João Lucas é um grande músico; compositor; arranjador, e tem também uma veia para o humor, muito boa. Enquanto os demais eram mais escrachados, o João trazia à banda, o elemento do humor sarcástico, sob a verve britânica. Quando eu voltei à banda, em 1983, temi que pudesse ter um relacionamento difícil com ele, pelo fato de eu estar a substituir o seu próprio irmão, o baixista, Luiz Lucas. Ledo engano e grata surpresa, tornamo-nos muito amigos e ele foi um dos que mais sentiu a minha saída, em 1984. Um homem muito culto, educado e dotado de uma memória incrível, fora a paixão pelo Rock; anos 1960 e cinema, foi óbvio que ficaríamos muito amigos. Morador do bairro da Vila Olímpia, há muitos anos, morava na mesma rua da escola onde estudei, de 1968 a 1976. Não conhecemo-nos nessa época, mas tínhamos as mesmas raízes, lembranças, e só quem conhece bem aquele bairro da zona sul de São Paulo, sabe o que é o barulho de um Boeing a passar a menos de duzentos metros de nossas cabeças...

Outra paixão mútua nossa, era (é) a cidade de São Paulo. Para contrariar a média normal das pessoas, que adoram odiar São Paulo, eu e João Lucas somos apaixonados pela Pauliceia. Essa paixão da parte dele, expressava-se às vezes de uma forma muito engraçada. Nunca esqueço-me de uma ocasião, quando fomos a uma cidade do interior, e assim que chegamos nessa referida localidade, ainda sob a escuridão da madrugada, e com as ruas completamente desertas, algo bizarro aconteceu. A dormir na poltrona da "janelinha" do ônibus, João Lucas acordou de súbito, quando alguém exclamou que estávamos a chegar, e sonolento, olhou pela janela. Só havia um gato a locomover-se preguiçosamente pela rua deserta e então, ele disse : -"o que acontece em uma cidade dessas ? Veja a grande novidade... um gato acabou de passar"...
Essa piada acompanhou-nos durante o dia inteiro...


O João Lucas deve tomar banho de formol. Fiquei anos sem vê-lo, e quando encontramo-nos em 2005, no camarim do Sesc Pompeia, ele parecia ser o mesmo colega que tocara comigo em 1984 ! Falei-lhe isso, claro, com estupefação, mas em tom de elogio, certamente.
Recentemente (cerca de 2012), conectamo-nos no Facebook e conversamos bastante. Geralmente sobre política, mas a música e o Rock em específico, também são objetos de nossas animadas conversas. Um grande sujeito !

Tenho visto o João Lucas a anunciar composições suas, sensacionais na Internet, fortemente influenciadas por compositores como Burt Bacharah; Henry Mancini e Ennio Morricone, entre outros. São temas instrumentais perfeitos para tornar-se trilhas de filmes, uma de suas paixões e aliás, minha também.



Continua...

2 comentários:

  1. Oi, Luiz, tudo bem? Obrigado por colocar minha foto no lugar da do Marcelo Moraes, grande amigo de colégio e de Cásper. Também participei um pouquinho dessa história, pois os fundadores eram todos meus colegas de faculdade e eu vivia tocando violão pelos corredores com o Carlos, colega de classe. Na foto, sou eu: Wagner Amorosino...

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    1. Fala, Wagner !

      Antes de mais nada, peço desculpas pelo lapso, é claro. Quando procurei fotos de Cassiano Roda e Marcelo Moraes para ilustrar o capítulo, simplesmente não encontrei nenhuma do Marcelo e só encontrei o nome dele, estilizado como logotipo.

      E no caso do Cassiano, me confundi totalmente, achando ser ele na foto com o violão.

      Mas como deixo claro na minha autobiografia, estou 100 % aberto para fazer correções, adendos etc.

      Claro que nesse caso específico de sua foto, tomo providências imediatas.

      E lhe agradeço pela oportuna correção, enriquecendo o texto.

      Grande abraço !!

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