sábado, 2 de novembro de 2013

Autobiografia na Música - Língua de Trapo - Capítulo 116 - Por Luiz Domingues

Passada essa aventura interiorana, os próximos compromissos seriam por São Paulo e arredores, mesmo. Em 18 de maio de 1984, fomos à FEI, de São Bernardo do Campo / SP, uma tradicional faculdade de engenharia, que costumava alimentar as grandes fábricas automotivas sediadas naquela cidade, com profissionais, todos os anos. 

Foi um show avulso e a resgatar a origem o primordial da banda, ou seja, a sua vocação em apresentar-se para um público universitário, em seu ambiente. 

Foi um show realizado no ginásio de esportes da instituição e o público universitário apreciou muito. Minha lembrança, inclusive, é que por fugir das características normais do Língua de Trapo, o show ganhou ares de show de Rock, com momentos inclusive permeados por uma euforia por parte do público, o que causou-nos um espanto. Cerca de mil e duzentas pessoas assistiu-nos e o show ocorreu no entardecer, ao fugir um pouco do horário tradicional do teatro, pelo qual estávamos acostumados a atuar. E no dia seguinte, fizemos um show no Clube Ipê, sediado em São Paulo. 

O Clube Ipê, para quem não conhece a cidade de São Paulo, é um clube tradicional, instalado próximo ao Parque do Ibirapuera e com um bom patrimônio próprio; a contar com quadras; piscinas, e instalações sociais muito bem cuidadas. Foi também um show atípico para nós, pois geralmente shows realizados em uma área social de clube poliesportivo, são realizados em cidades interioranas com pequeno porte, onde não existem teatros, ou casas de shows melhor estruturadas. 

E, nesse caso em específico, foi engraçado cumprir o show, pois ele ocorreu antes de um baile. Portanto, tocamos a utilizar o equipamento de uma banda de bailes, e tal prática lembrou-me o padrão muito comum nos clubes paulistanos, entre os anos cinquenta e sessenta, com artistas imbuídos pelo trabalho autoral, a realizar apresentações pequenas (mas um pouco maior na metragem, que o padrão "choque"), para que depois, bandas de baile pudessem entreter o público de tais clubes, isto é, os seus associados. De certa forma, o público presente foi surpreendente, pois cerca de trezentas pessoas estiveram ali a assistir-nos e em sua maioria, formada por um grupo de jovens e muitos, fãs do Língua de Trapo, pelo teor das suas reações durante o show. E tal espanto de minha parte, justificara-se pelo fato de que, em plena Era das danceterias, esperávamos poucos jovens ali presentes, em um sábado a noite. Foi no dia 19 de maio de 1984, e assim ocorreu a nossa apresentação no Clube Ipê, de São Paulo.


Continua...

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