quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Autobiografia na Música - Língua de Trapo - Capítulo 124 - Por Luiz Domingues

De volta à São Paulo, tínhamos a cumprir uma apresentação singular, em uma espécie de micro festival, marcada para um clube obscuro, localizado no bairro de Pinheiros, zona oeste de São Paulo, chamado : "Clube das Bandeiras" (no ano seguinte, 1985, eu teria uma história hilária vivida durante um show d'A Chave do Sol, nesse mesmo clube, e no capítulo adequado, revelo no momento oportuno da cronologia). 

As atrações das quais recordo-me, além do Língua de Trapo, foram duas duplas (não sertanejas !), interessantes da MPB alternativa. Os irmãos Garfunkel, (Jean e Paul), tinham um ótimo trabalho autoral, na linha da "Nova MPB", egressa da dita : "Vanguarda Paulista".
Ambos eram músicos de alto nível, multi instrumentistas, e acostumados a ser acompanhantes (sideman) para grandes estrelas da MPB mainstream (Elis Regina, só para citar um nome de peso).

A outra dupla que apresentar-se-ia naquela noite, seria "Paulinho e Penna", dois ex-membros da banda, "Papa Poluição", que eu e o Laert apreciamos muito, no tempo em que estávamos no Boca do Céu, a nossa primeira banda na carreira de ambos. Perdi as contas sobre quantos shows assistíramos do Papa Poluição, entre 1976 e 1978, e adorávamos muito o repertório deles. 

Bem, seria uma oportunidade para vê-los, ainda que somente a atuar em dupla, e tínhamos esperança de que tocariam algumas canções do Papa Poluição, é claro. Não lembro-me de outras atrações na noite, mas o fato é que o equipamento estava terrível, e dessa maneira seria compatível para apresentações acústicas, bem simples, em pequenos ambientes, apenas. Tudo bem que o show seria realizado em um salão com porte mediano, mas mesmo assim, estava inadequado. Daí, resolvemos não tocar, mas como fora um compromisso com caráter informal, meio na base de uma participação apenas, não criou nenhuma insatisfação maior por parte dos organizadores e convenhamos, a divulgação fora fraca e havia pouca gente no clube para assistir. 

Resultado : eu e Laert sentamos em cadeiras colocadas bem em frente ao palco, e assistimos como se estivéssemos em um camarote, o show de Paulinho Costa & José Luis Penna, ao cantar diversas canções do Papa Poluição, que adorávamos nos anos setenta. Depois conversamos detidamente com ambos, e relembramos ao guitarrista, Paulinho Costa, que em 1977, o encontráramos dentro do Shopping Ibirapuera, e o abordáramos como fãs naquela ocasião, e ele fora extremamente gentil conosco. Ironia do destino... eu e Laert naquele instante a termos essa reminiscência setentista de nossa adolescência, e bem no momento em que eu estava de novo a evadir-me do Língua de Trapo... Aproximara-se o momento de eu partir, e confesso, o coração apertara, mesmo por estar eufórico com as conquistas recentes d'A Chave do Sol, e convicto de minha decisão em prol do Rock !


Continua... 

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