Dali em diante, o João Lucas, procurou-me algumas vezes para conversas reservadas, onde tentou demover-me de minha decisão.
Sua argumentação foi carregada pelo bom senso, eu admito. A sua intenção em não desestabilizar a banda, foi perfeita, e claro, mais uma mudança de baixista seria um transtorno para eles, no meio de uma temporada.
De fato, ao enxergar pelo lado do bom senso, ele teve toda a razão pelo ponto de vista da banda, e também ao olhar pelo meu próprio interesse pessoal, pois não teria nenhum cabimento deixar uma banda com agenda forte; excelente entrada na mídia; um empresário ativo; bons relacionamentos no métier etc e tal, em troca de uma banda emergente; com apenas um compacto simples em mãos, e fechada no nicho do Rock (e como agravante, leve-se em conta a questão sobre estar alojada no métier underground do rock "pesado", e nem ao menos ser da turma do BR-Rock 80's, esta sim, a surfar nas ondas do sucesso, mediante a sua estética do pesadelo Pós-Punk, tão incensado da época...).
Enfim, o meu único argumento foi por estar a lutar em prol do meu sonho Rocker, e o Língua de Trapo, apesar de eu gostar, e possuir laços afetivos com o trabalho, não poderia suprir tal necessidade visceral que eu tinha. E no fundo, o Laert sabia bem disso, desde 1976, aliás... apesar dessa dura comunicação que eu tive para anunciar, cumprimos o último show dessa segunda mini temporada no Rio de Janeiro, com a mesma determinação e qualidade de sempre.
No dia 10 de junho de 1984, trezentas pessoas estiveram presentes e divertiram-se com as músicas satíricas do Língua de Trapo, para sair satisfeitas do Circo Planetário. Um hiato de shows, raro, deu-nos alguns dias de folga. Haveria um show em São Paulo, nesse meio tempo, antes de irmos à Ribeirão Preto, no interior do estado, mas esse show redundou em um estranho cancelamento, in loco...
Continua...
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