Finalmente tivemos uma pausa, pois os próximos shows só foram acontecer
daí a doze dias. Mas não foi exatamente férias para o Língua de Trapo, pois
tivemos várias reuniões nesse período, e alguns compromissos a cumprir na TV, Rádio
e imprensa escrita.
E entre essas reuniões, duas foram muito
importantes. A primeira tratou do rompimento como triunvirato de
empresários que representava-nos. Eu estava recém ingresso na banda,
mas os tripulantes antigos estavam fartos da ação desses empresários, e relataram-me que essa
insatisfação decorria de acertos financeiros, e principalmente,
planejamento. Pensei comigo : "como assim" ?
Em quinze dias, havíamos feito uma
enxurrada de shows com sucesso, mediante bons cachets, com farta cobertura da
mídia... qual seria a insatisfação ? Então, vários componentes do Língua de Trapo afirmaram-me em conversas
reservadas, que o antigo empresário que tinham, anteriormente, fora muito
melhor etc e tal.
E essa conversa era praticamente unânime, segundo
apurei. Um membro chegou a dizer-me que se ele voltasse, aí sim o Língua de Trapo
deslancharia, com direito a entrada em gravadora multinacional (sonho
de realização de qualquer artista naquela época) etc. Sendo
assim, como membro, eu tinha direito a voto, mas nem que eu fosse contra,
conseguiria mudar a decisão da maioria esmagadora e assim, foi resolvido
a não renovação de contrato com o triunvirato de empresários, para deixar o
caminho aberto para convidar o antigo empresário, com quem sonhavam
voltar a trabalhar. Então, em uma segunda reunião, fomos em peso à casa
desse empresário, para formular o pedido para que ele voltasse a
trabalhar conosco. Eu apenas confiava na percepção dos demais que já o
conheciam, e nessa perspectiva, torci para dar certo, a confiar que seria
o melhor para a banda. Não sei precisar o dia exato em que essa reunião
ocorreu. Foi seguramente no início de dezembro de 1983. O nome dele era (é) :
Jerome Vonk.
Um rapaz jovem, extremamente inteligente, e apesar da pouca idade, com uma admirável
bagagem pessoal, na música.
Holandês de nascimento, mas criado em São
Paulo, falava / fala português sem sotaque algum, pelo contrário, possuía
sotaque paulistano. Poliglota e viajado, trabalhara com Claude Nobs, o
organizador do famoso Festival de Jazz de Montreaux, Suiça,
principalmente como produtor / tradutor de artistas brasileiros na noite
brasileira, tradicional naquele festival. Bem, ele aceitou voltar a trabalhar
com o Língua de Trapo, apesar de ter feito uma pedida com porcentagem maior
do que cobrara em sua primeira passagem no comando gerencial da banda, mas foi algo aceitável e dentro
dos padrões normais do meio. Todos comemoraram essa volta dele, e pelo que
percebi, realmente tratavam-no como um membro da banda, tamanha a
camaradagem que tinham com ele.Também tornei-me rapidamente, seu amigo e
relatarei histórias boas sobre a sua passagem pela banda. E falarei dele,
também em tópicos sobre outras bandas onde eu atuei. Portanto, tem histórias do Jerome,
com A Chave do Sol; Pitbulls on Crack e Patrulha do Espaço, ao longo desta narrativa.
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