terça-feira, 29 de outubro de 2013

Autobiografia na Música - Língua de Trapo - Capítulo 107 - Por Luiz Domingues



Mais uma vez peço desculpas ao leitor, mas não anotei a data, como todas as outras datas em que participamos de programas de rádio e TV,  mas foi mais ou menos nessa época, entre o final de abril e o início de maio, que fomos convocados a participar de um novo programa na TV Gazeta, que chamar-se-ia : "Perdidos na Noite".  Tal atração seria uma extensão natural do programa de rádio, "Balancê" (Rádio Excelsior / Globo de São Paulo), que tantas vezes fizéramos. Aquela anarquia que existia no formato radiofônico, chegara à TV e a seguir aquele padrão, tinha tudo para ser muito divertido. E o foi... 

Bem, por tratar-se de TV Gazeta, a audiência não seria avassaladora e ao considerar que seria o primeiro programa, praticamente um piloto, menos ainda. Mas tínhamos um bom relacionamento com a produção, sempre simpática, do "Balancê", e dessa maneira, seria um prazer participar desse programa inaugural. A gravação ocorreria em um dia de semana a noite, segunda ou terça, não recordo´me ao certo, nas dependências do Teatro Jardel Filho, na Av. Brigadeiro Luiz Antonio, no bairro do Bexiga, centro-sul de São Paulo. 

Era um teatro grande e muito espaçoso, por tratar-se de uma  ex- sala de cinema. Hoje em dia, está modernizado e abriga super musicais da Broadway norteamericana, com estrutura portentosa. Mas o "Perdidos na Noite" tinha uma outra realidade e nesse dia, não havia espectadores para assistir a gravação. Vimos portanto, estagiários da TV Gazeta a caçar pessoas pela rua, literalmente, para que pudesse haver um quórum mínimo de público sentado na plateia. A abordagem chegou a ser engraçada, por parecer conversa de vendedor de loja popular... os funcionários da Gazeta abordavam os pedestres na Avenida Brigadeiro Luiz Antonio, e diziam que haveria artistas e jogadores de futebol presentes no palco, seria grátis etc e tal. 
Ao lado do Teatro Jardel Filho, ficava (fica), a Faculdade Iberoamericana e de lá veio a maior parte do contingente, claro, pois a perspectiva em cabular a aula e divertir-se gratuitamente, certamente que os animou. Mesmo assim, a quantidade de pessoas que dignou-se a entrar no teatro, foi mínima, ao obrigar os profissionais cameramen a usar close up, para não mostrar imagens do teatro semi vazio. Na sonoplastia, estava o Johnny Black, para atuar como no "Balancê", e a sua figura era divertidíssima. Mas foi nos bastidores que a diversão foi total. Figuras improváveis estavam a dividir o camarim conosco, para tornar a noitada, um delírio onírico felliniano...

Continua...

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