Zé Luiz Dinola, em um desses shows d'A Chave do Sol realizados no Victória Pub, em 1983
5) Sobre A Chave do Sol e o Victória Pub:
Na reunião em que fechamos o contrato, o diretor da casa advertiu-nos apenas sobre não exagerarmos no visual "Riponga" (palavras e preconceito, dele), além de não falarmos palavrões ao microfone (senti-me dentro do filme: "The Rose"... -"hey you, motherfuckers"...), e pediu-nos para tocarmos músicas conhecidas. Não houve restrição para que tocássemos músicas autorais mescladas, mas desde que não houvesse exagero nessa determinação.
O pagamento ficou acordado para ser realizado semanalmente. O
primeiro show, no dia 1° de fevereiro de 1983, foi realizado no palco
pequeno, conforme já mencionei anteriormente. Mas logo no segundo dia,
perceberam que a nossa banda jamais poderia tocar em um palco ao estilo "lounge" de
piano bar, e sendo assim, escalaram-nos para o palco principal, a partir
do segundo dia. Tocávamos várias músicas nossas, mas evitávamos as instrumentais muito longas, para privilegiar o talento vocal da Verônica Luhr, logicamente.
A nossa performance era frenética. Eu, Luiz, Verônica, e Zé Luiz, principalmente, entrávamos a todo vapor. Eu exagerava mesmo, pois estava 100% seguro como músico, e permitia-me uma mise-en-scène frenética, sem prejuízo ao desempenho musical.
O Rubens sempre foi mais comedido, ao menos nessa época, pois depois se soltou e dessa forma, costumava tocar concentrado e estático. Mas para compensar, ele tinha os seus arroubos frenéticos e "Hendrixianos" ao tocar a guitarra virada atrás da cabeça, ou mesmo a tocar com os dentes, e claro que eram momentos em que ele despertava a intensa euforia da plateia, cujo clímax aguardávamos como se fôssemos mágicos ilusionistas, que sabem exatamente onde usar o seu melhor truque, no pico de seu show.
A Verônica continuava a se apresentar de forma exuberante, inclusive nos trejeitos, com muito frenesi. No entanto, algo pior estava por acontecer em nossa relação.
Antes porém que eu comece a narrar esse ponto de divergência,
preciso mencionar que uma vez, eu cometi um acidente que poderia ter
tido gravidade. Estávamos a executar a canção: "O Contrário de Nada é Nada", dos
Mutantes, certa vez, quando na euforia da minha mise-en-scène, eu estabeleci um movimento
muito brusco com o "headstock" do baixo (a chamada "cabeça", onde ficam as
tarraxas que afinam o instrumento). Estava alucinado a tocar, e nem
senti que dei um tranco em alguma pessoa.
Continua...
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