segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Autobiografia na Música - A Chave do Sol - Capítulo 39 - Por Luiz Domingues

Zé Luiz Dinola, em um desses shows d'A Chave do Sol realizados no Victória Pub, em 1983

5) Sobre A Chave do Sol e o Victória Pub:

Na reunião em que fechamos o contrato, o diretor da casa advertiu-nos apenas sobre não exagerarmos no visual "Riponga" (palavras e preconceito, dele), além de não falarmos palavrões ao microfone (senti-me dentro do filme: "The Rose"... -"hey you, motherfuckers"...), e pediu-nos para tocarmos músicas conhecidas. Não houve restrição para que tocássemos músicas autorais mescladas, mas desde que não houvesse exagero nessa determinação. 

O pagamento ficou acordado para ser realizado semanalmente. O primeiro show, no dia 1° de fevereiro de 1983, foi realizado no palco pequeno, conforme já mencionei anteriormente. Mas logo no segundo dia, perceberam que a nossa banda jamais poderia tocar em um palco ao estilo "lounge" de piano bar, e sendo assim, escalaram-nos para o palco principal, a partir do segundo dia. Tocávamos várias músicas nossas, mas evitávamos as instrumentais muito longas, para privilegiar o talento vocal da Verônica Luhr, logicamente. 

Verônica e Rubens na linha de frente, Zé Luiz na retaguarda. A Chave do Sol no Victoria Pub de São Paulo em 1983!

A nossa performance era frenética. Eu, Luiz, Verônica, e Zé Luiz, principalmente, entrávamos a todo vapor. Eu exagerava mesmo, pois estava 100% seguro como músico, e permitia-me uma mise-en-scène frenética, sem prejuízo ao desempenho musical.

O Rubens sempre foi mais comedido, ao menos nessa época, pois depois se soltou e dessa forma, costumava tocar concentrado e estático. Mas para compensar, ele tinha os seus arroubos frenéticos e "Hendrixianos" ao tocar a guitarra virada atrás da cabeça, ou mesmo a tocar com os dentes, e claro que eram momentos em que ele despertava a intensa euforia da plateia, cujo clímax aguardávamos como se fôssemos mágicos ilusionistas, que sabem exatamente onde usar o seu melhor truque, no pico de seu show. 

A Verônica continuava a se apresentar de forma exuberante, inclusive nos trejeitos, com muito frenesi. No entanto, algo pior estava por acontecer em nossa relação. 

Antes porém que eu comece a narrar esse ponto de divergência, preciso mencionar que uma vez, eu cometi um acidente que poderia ter tido gravidade. Estávamos a executar a canção: "O Contrário de Nada é Nada", dos Mutantes, certa vez, quando na euforia da minha mise-en-scène, eu estabeleci um movimento muito brusco com o "headstock" do baixo (a chamada "cabeça", onde ficam as tarraxas que afinam o instrumento). Estava alucinado a tocar, e nem senti que dei um tranco em alguma pessoa.

Eu, Luiz Domingues, a viver os meus dias como uma espécie de "John Paul Jones da Pauliceia", com o meu Fender Jazz Bass a roncar forte, plugado em um amplificador, "Acoustic", cortesia do amigo, Nelson Brito.

Continua...

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