sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Autobiografia na Música - Patrulha do Espaço - Capítulo 4 - Por Luiz Domingues


Fui buscar o Júnior no endereço onde ele estava hospedado, em um apartamento em Santa Cecília, perto da estação do Metrô de mesmo nome, e claro que eu notei que ele estava ressabiado, mas limitei-me a responder as suas perguntas investigativas, com evasivas. No caminho, falei sobre os garotos, para que ele não impressionasse-se com a pouca idade deles etc. Os garotos ficaram com a incumbência em preparar o estúdio "Alquimia", a montar o nosso set com guitarras e teclados. 

No percurso entre os bairros de Santa Cecília e Aclimação, o Júnior foi a especular, "jogar verde"... mas eu respondia com evasivas, pois a nossa estratégia fora a de deixá-lo cativar-se naturalmente  pela qualidade sonora da banda, sem que entrássemos com contundência no mérito do que realmente almejávamos, porque sabíamos que ele estava desanimado e descrente da música e do Rock.
Chegamos ao estúdio "Alquimia", eu o apresentei aos garotos e ele de pronto mostrou-se mais ambientado ao ver que o Marcello usava uma camiseta cuja estampa tratava-se do segundo álbum do Grand Funk Railroad. Certamente foi um ponto a mais para confirmar o que eu dissera no carro, sobre eles ser adolescentes, mas 100% antenados no som retrô. Quando estávamos prontos e afinados para começar, a inevitável pergunta, foi por ele proferida: "o que vamos tocar" ?
Então, o Rodrigo Hid antecipou-se e disse: "Atenção"... essa sacada o desconcertou, pois trata-se de uma música da Patrulha do Espaço, que nem ele tocava há anos... sem transparecer emoção ou estupefação, no entento, ele tocou, mas certamente deve ter impressionado-se com a performance afiada de nós três, e as passagens intrincadas daquela música cheia de Riffs e convenções, ao ser executadas à perfeição. Seguiu-se então : "Columbia"; "Bomba"; "Meus 26 anos"; "Ruas da Cidade", quando ele quebrou o gelo, a brincar que havíamos preparado apenas o repertório da Patrulha do Espaço...  então tocamos vários clássicos do Rock internacional, com aquela estratégia para fazê-lo ver os dois meninos a executar solos, e base de guitarra, cantar e revezar-se nos teclados. 

Até Jethro Tull tocamos, para ele poder ver o Marcello Schevano à flauta. Mas o auge foi quando tocamos "Inside Looking Out", e "Footstompim' Music", músicas do Grande Funk... aí ele soltou-se de vez e verificou o potencial.

Continua... 

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