E para falar sobre os seus membros agora, devo esclarecer que recentemente,
graças ao Facebook, restabeleci contato com o excelente guitarrista, Aru Junior, e no dia 2 de maio de 2012, passei uma prazerosa tarde em sua residência,
convidado para um café.
Nessa visita, relembramos diversos fatos vividos pelo Terra no Asfalto, e
trocamos informações sobre o paradeiro de diversos membros e agregados
da banda. Algumas acontecimentos revelaram-se surpreendentes, e outras tristes, que eu desconhecia até então, e sobre os quais, registrarei
agora nesse trecho final sobre o capítulo : Terra no Asfalto.
Cido Trindade:
Na
primeira foto, a persona de Cido Trindade em ação com o Terra no
Asfalto em março de 1981. Acervo e cortesia: Cido Trindade. Click:
desconhecido. Já na segunda, não era essa exatamente a bateria do Cido
Trindade, mas esta da foto é idêntica. Trata-se de uma bateria da marca
nacional, "Pinguim", imitação da norte-americana, "Ludwig", modelo
perolada/"sparkle", dos anos setenta.
Sobre
o Cido Trindade, depois que ele saiu em definitivo do Terra no asfalto,
em
1982, nunca mais tocamos juntos. Nessa época, ele já estava a morar com a
sua namorada, chamada, Maria Helena, e eu só fui vê-lo novamente ao
final de 1983, quando eu
estava com A Chave do Sol em fase de começar a popularizar-se e
simultaneamente de volta
ao Língua de Trapo, em minha segunda passagem por essa banda e esta
havia dado um salto vertiginoso na carreira, a usufruir de um pleno pico
de sucesso.
Lembro-me
dele e de sua esposa a assistir um show do Língua de Trapo no Teatro Lira
Paulistana, onde demonstrou felicidade por ver que eu e Laert, que ele conhecera também desde
o tempo do Boca do Céu, sob uma situação de ascensão na carreira.
Depois disso,
soube apenas que o casal mudara-se para Barcelona e lá tiveram um filho. Cido Trindade
envolveu-se com música erudita e soube que estava a atuar como membro de uma
orquestra.
Recentemente, um primo meu (Marco Turci), que era amigo dele nos
anos setenta (e que aliás foi quem apresentou-nos em 1977, a iniciar a nossa amizade),
disse-me que ele, Cido, tem um disco gravado com música experimental, lançado na Europa, por um
selo norueguês. Não sei, entretanto, se trata-se de um disco solo, se é de uma
orquestra ou uma banda.
O
Cido Trindade é bastante citado na minha
autobiografia em três capítulos: Boca do Céu, Trabalhos Avulsos e Terra
no
Asfalto. Foi um bom amigo nos primórdios do Boca do Céu, a minha
primeira banda e da qual ele acompanhou de perto e até atuou como
convidado em uma apresentação, certa vez em 1978.
Ele
deu-me o primeiro
empurrão na carreira, ao tirar-me da condição de um reles aspirante a
artista/músico, para algo sob um patamar acima, ao chamar-me para
integrar a banda de apoio
do cantor, Tato Fischer. Dessa banda, surgiu o "Terra no Asfalto" e além disso,
chamou-me também para outros trabalhos paralelos e mesmo não tendo mais contato
comigo, sou-lhe muito grato por essa ajuda e boa amizade naquela época em que convivemos,
entre 1977 e 1982.
Sérgio Henriques:
Sérgio aos teclados, atrás de César Camargo Mariano, e Elis Regina, que agradecem os aplausos do público.
Eu o conheci quando o Cido Trindade levou-me
para a banda de apoio de Tato Fischer, em meados de outubro de 1979. Músico de
sólida formação teórica, era (é) um excelente tecladista, a moda antiga,
daqueles bem setentistas e "piloto" de vários tipos de teclados.
Tremenda figura do bem, era calmo, e muito zen naquela época em que convivemos.
Depois de 1982 com o Terra no Asfalto, encontramo-nos nos bastidores de uma edição do
programa, "A Fábrica do Som", em 1983, onde eu atuei com A Chave do
Sol, e ele, com o "Premeditando o Breque".
E muitas vezes o assisti ao vivo na TV,
a acompanhar feras da MPB tais como Jorge Benjor ou Pepeu Gomes. Assim como encontramo-nos
fortuitamente na rua, nos anos 1990 e 2000, várias vezes.
Com o Terra no Asfalto, ele teve várias participações
picotadas, mas o motivo de sua ausência fora perfeitamente compreensível.
Depois que foi tocar com César Camargo Mariano, na banda de apoio de Elis
Regina, o mundo dos astros da MPB mainstream, abriu-se para ele, e daí, foram
várias participações como tecladista side-man para acompanhar artistas consagrados.
Ele tocou em
duas turnês da Elis Regina ("Saudade do Brasil" e "Trem
Azul"), com Rita Lee, tocou na turnê do LP "Lança Perfume". Depois emendou trabalho autoral com o
Premeditando o Breque, banda contemporânea do Língua de Trapo e inserida no
movimento "Vanguarda Paulista", do início dos anos oitenta.
E a seguir, ficou um bom tempo com Jorge
Benjor e também com Pepeu Gomes. Atualmente (2016), vejo-o sempre a caminhar
pelas ruas próximas à minha, ao levar os seus cachorros para passear. Soube que
casou-se com outra mulher após separar-se da Celina Silva e tem uma filha já
adulta.
Continua...
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