quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Autobiografia na Música - Terra no Asfalto - Capítulo 62 - Por Luiz Domingues


E para falar sobre os seus membros agora, devo esclarecer que recentemente, graças ao Facebook, restabeleci contato com o excelente guitarrista, Aru Junior, e no dia 2 de maio de 2012, passei uma prazerosa tarde em sua residência, convidado para um café.
Nessa visita, relembramos diversos fatos vividos pelo Terra no Asfalto, e trocamos informações sobre o paradeiro de diversos membros e agregados da banda. Algumas acontecimentos revelaram-se surpreendentes, e outras tristes, que eu desconhecia até então, e sobre os quais, registrarei agora nesse trecho final sobre o capítulo : Terra no Asfalto.

Cido Trindade:

Na primeira foto, a persona de Cido Trindade em ação com o Terra no Asfalto em março de 1981. Acervo e cortesia: Cido Trindade. Click: desconhecido. Já na segunda, não era essa exatamente a bateria do Cido Trindade, mas esta da foto é idêntica. Trata-se de uma bateria da marca nacional, "Pinguim", imitação da norte-americana, "Ludwig", modelo perolada/"sparkle", dos anos setenta.

Sobre o Cido Trindade, depois que ele saiu em definitivo do Terra no asfalto, em 1982, nunca mais tocamos juntos. Nessa época, ele já estava a morar com a sua namorada, chamada, Maria Helena, e eu só fui vê-lo novamente ao final de 1983, quando eu estava com A Chave do Sol em fase de começar a popularizar-se e simultaneamente de volta ao Língua de Trapo, em minha segunda passagem por essa banda e esta havia dado um salto vertiginoso na carreira, a usufruir de um pleno pico de sucesso. 
 
Lembro-me dele e de sua esposa a assistir um show do Língua de Trapo no Teatro Lira Paulistana, onde demonstrou felicidade por ver que eu e Laert, que ele conhecera também desde o tempo do Boca do Céu, sob uma situação de ascensão na carreira. 
 
Depois disso, soube apenas que o casal mudara-se para Barcelona e lá tiveram um filho. Cido Trindade envolveu-se com música erudita e soube que estava a atuar como membro de uma orquestra. 
 
Recentemente, um primo meu (Marco Turci), que era amigo dele nos anos setenta (e que aliás foi quem apresentou-nos em 1977, a iniciar a nossa amizade), disse-me que ele, Cido, tem um disco gravado com música experimental, lançado na Europa, por um selo norueguês. Não sei, entretanto, se trata-se de um disco solo, se é de uma orquestra ou uma banda. 
 
O Cido Trindade é bastante citado na minha autobiografia em três capítulos: Boca do Céu, Trabalhos Avulsos e Terra no Asfalto. Foi um bom amigo nos primórdios do Boca do Céu, a minha primeira banda e da qual ele acompanhou de perto e até atuou como convidado em uma apresentação, certa vez em 1978. 
 
Ele deu-me o primeiro empurrão na carreira, ao tirar-me da condição de um reles aspirante a artista/músico, para algo sob um patamar acima, ao chamar-me para integrar a banda de apoio do cantor, Tato Fischer. Dessa banda, surgiu o "Terra no Asfalto" e além disso, chamou-me também para outros trabalhos paralelos e mesmo não tendo mais contato comigo, sou-lhe muito grato por essa ajuda e boa amizade naquela época em que convivemos, entre 1977 e 1982.

Sérgio Henriques:

Sérgio aos teclados, atrás de César Camargo Mariano, e Elis Regina, que agradecem os aplausos do público.

Eu o conheci quando o Cido Trindade levou-me para a banda de apoio de Tato Fischer, em meados de outubro de 1979. Músico de sólida formação teórica, era (é) um excelente tecladista, a moda antiga, daqueles bem setentistas e "piloto" de vários tipos de teclados. 
 
Tremenda figura do bem, era calmo, e muito zen naquela época em que convivemos. Depois de 1982 com o Terra no Asfalto, encontramo-nos nos bastidores de uma edição do programa, "A Fábrica do Som", em 1983, onde eu atuei com A Chave do Sol, e ele, com o "Premeditando o Breque". 
 
E muitas vezes o assisti ao vivo na TV, a acompanhar feras da MPB tais como Jorge Benjor ou Pepeu Gomes. Assim como encontramo-nos fortuitamente na rua, nos anos 1990 e 2000, várias vezes. 
 
Com o Terra no Asfalto, ele teve várias participações picotadas, mas o motivo de sua ausência fora perfeitamente compreensível. Depois que foi tocar com César Camargo Mariano, na banda de apoio de Elis Regina, o mundo dos astros da MPB mainstream, abriu-se para ele, e daí, foram várias participações como tecladista side-man para acompanhar artistas consagrados. 
 
Ele tocou em duas turnês da Elis Regina ("Saudade do Brasil" e "Trem Azul"), com Rita Lee, tocou na turnê do LP "Lança Perfume". Depois emendou trabalho autoral com o Premeditando o Breque, banda contemporânea do Língua de Trapo e inserida no movimento "Vanguarda Paulista", do início dos anos oitenta. 
 
E a seguir, ficou um bom tempo com Jorge Benjor e também com Pepeu Gomes. Atualmente (2016), vejo-o sempre a caminhar pelas ruas próximas à minha, ao levar os seus cachorros para passear. Soube que casou-se com outra mulher após separar-se da Celina Silva e tem uma filha já adulta.
Continua...

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