Paulo Eugênio Lima:
Na primeira
foto, eis a persona de Paulo Eugênio Lima a atuar com o Terra no Asfalto
em março de 1981. Acervo e cortesia: Cido Trindade. Click:
desconhecido. Na segunda foto, eis uma Brasília preta bem parecida com a
do Paulo Eugênio. Considero tal carro emblemático na história dessa
banda, ao ponto de sempre que venho a pensar nesse carro, despertar-me
lembranças desse trabalho e dos companheiros que nele militaram comigo
Depois que fizemos a reunião final de
acerto das contas sobre o espólio do equipamento, em 1983, nunca mais eu tive contato algum com o
Paulo Eugênio Lima. Em visita que fiz à casa do guitarrista Aru, tive enfim uma
péssima notícia ao seu respeito.
Fui informado que ele faleceu há cerca de cinco ou seis anos atrás (sob a perspectiva de 2016, deve ter sido em 2009 ou 2010, o Aru também não sabia essa informação com precisão).
Segundo ele disse-me, o Paulo Eugênio faleceu em uma mesa de cirurgia de
hospital. Não sabemos se foi em decorrência de uma doença, ou se sofreu um
acidente, ou mesmo se ainda fora vítima de alguma violência urbana, enfim.
Paulo Eugênio Lima era um bom cantor, sem dúvida. Mesmo sem instrução teórica,
ele tinha noções boas de afinação, pulso, ritmo, andamento, emissão, respiração,
enfim, o be-a-bá do vocalista profissional.
Era também um bom percussionista, muitas vezes
a ajudar-nos com as suas intervenções rítmicas, e assim trazer balanço à banda. Tinha boa
dicção e cantava bem em inglês, com pronúncia bastante aceitável.
A sua performance de
palco era boa, com desinibição e comunicava-se bem com o público, muito
respaldado por ter sido guia de excursões à Disney World. Ele sabia conduzir o
público e tinha um carisma inegável.
Lamento muito que já tenha partido,
por considerar que era pouca coisa mais velho do que eu, e hoje talvez estivesse
na casa dos cinquenta e poucos anos, de onde concluo que faleceu muito jovem.
O
Paulo foi uma personalidade aglutinadora para a banda. Sempre foi o dínamo
nesse sentido, ao tomar a dianteira para promover as reformulações necessárias na parte
interna da banda, além de ser o “business man”, pois todos os contatos de
nossas apresentações, foram fruto de seus esforços, não como empresário, eu diria, mas
como relações públicas, sem dúvida, pois ele tinha esse dom natural em sua
personalidade, por envolver-se com as pessoas, mediante o seu forte poder de persuasão.
A
"Brasília preta" que ele possuía, foi emblemática, pois representou o
"Pauloeugêniomovel" oficial e assim, é praticamente um símbolo do Terra no
Asfalto, naqueles três anos em que convivemos e trabalhamos pelos bares de São
Paulo. Que esteja bem lá no céu, a cantar com o Mu
e o Gereba, talvez em uma nova fase da banda, agora chamada: “Céu no Asfalto”
O Paulo Eugênio era um bom cantor, sem dúvida. Mesmo sem instrução teórica, ele tinha noções boas de afinação; pulso; ritmo; andamento; emissão; respiração, enfim, o be-a-bá do vocalista. Era também um bom percussionista, muitas vezes ao auxiliar com suas intervenções rítmicas, a trazer balanço à banda. Tinha boa dicção, e cantava bem em inglês, com pronúncia aceitável. Sua performance de palco era boa, com desinibição, e comunicava-se bem com o público, muito respaldado por ter sido guia de excursões à Disney World. Ele sabia conduzir o público, e tinha um carisma interessante. Lamento muito que já tenha partido, ao considerar que era pouca coisa mais velho do que eu, e hoje (2012, quando escrevi este trecho), talvez estivesse na casa dos "cinquenta e poucos anos", de onde concluo que faleceu muito jovem.
O Paulo foi uma personalidade aglutinadora para a banda. Sempre foi o dínamo nesse sentido, ao tomar a dianteira para reformulações necessárias na parte interna da banda, além de ser o business man, pois todos os contatos para as apresentações, foram fruto de seus esforços, não como empresário, eu diria, mas como relações públicas, sem dúvida. A Brasília preta da primeira foto, é emblemática, pois foi o "Pauloeugêniomovel" oficial, e é praticamente um símbolo do Terra no Asfalto, naqueles três anos em que convivemos, e trabalhamos pelos bares de São Paulo.
Aru Júnior ou Aru:
O grande guitarrista, Aru Junior, em foto bem mais atual
Em maio de 2012, fui visitar o Aru Junior em sua
residência, onde passamos horas a falar sobre as nossas lembranças do Terra no Asfalto. Muitas
informações novas foram-me passadas desde essa visita e ajudaram-me a encerrar
esse capítulo do Terra no Asfalto, com maior riqueza de detalhes.
O
Aru Junior foi o membro dessa banda, em que tive mais contato depois do
final da banda. Lembro-me em 1988, quando convidou-me a
conhecer a sua casa na ocasião, onde ele mantinha um estúdio de ensaios.
Nessa época,
ele estava casado com uma cantora chamada: Dadá Cyrino, que também fora
apresentadora da TV Cultura de São Paulo, onde chegou a apresentar A
Chave, na
fase "sem Sol" (conto essa história no capítulo adequado).
Ele cogitava nessa ocasião, montar uma banda autoral e chegou a convidar-me para conhecer o trabalho, mas eu estava com A
Chave e não pude comprometer-me na ocasião. A sua esposa na época, estava para
lançar-se no mercado fonográfico hispânico, com um repertório Pop latino e
talvez sobrasse oportunidade para ser side-man em sua banda de apoio.
Mas não frutificou tal proposta, apesar
do casal ter ido assistir um show d'A Chave, no Black Jack Bar nesse ano, 1988. Anos
depois, o Aru Junior apareceu em um show da Patrulha do Espaço, no Centro Cultural São
Paulo (em 2000, para ser preciso).
Ele conhecia o Rolando Castello Júnior desde
os anos setenta, pelo fato do Júnior ter namorado a sua irmã, Ruth. Em
retribuição, eu fui assistir a apresentação da banda: “Yessongs”, cover do "Yes", no
Café Piu-Piu do bairro do Bexiga, dias depois. Fiquei contente por vê-lo
a tocar e cantar em grande estilo, o repertório complexo do Yes e com
perfeição, ainda mais ao contar com o excelente baixista, Gerson Tatini (Ex-Moto
Perpétuo), na formação e sem dúvida, este músico é o maior especialista em executar as linhas
do Chris Squire, no Brasil.
Em 2011, quando eu comecei a tocar com o Kim
Kehl e Os Kurandeiros, o baterista, Carlinhos Machado contou-me sobre a entrada do Aru na banda de
apoio do ex-Secos & Molhados, Gerson Conrad, onde ele foi baterista por
muitos anos.
Fiquei muito contente por saber dele, quando decorrente desse contato,
rapidamente adicionamo-nos no Facebook, e agora o contato está sacramentado,
pois além do mais, moramos no mesmo bairro.
Bem parecida com essa, assim era a Gibson SG do Aru Junior, que tantos solos sob alto padrão produziu para o Terra no Asfalto
E outras duas curiosidades que ele contou-me na tarde de 2 de maio de 2012: a primeira, foi relatada quando eu falei sobre o Fernando Mu, nestas considerações finais.
E outras duas curiosidades que ele contou-me na tarde de 2 de maio de 2012: a primeira, foi relatada quando eu falei sobre o Fernando Mu, nestas considerações finais.
A segunda, diz respeito à própria
família dele, Aru Junior, e surpreendeu-me, pelo caráter inusitado da coincidência, ao melhor
estilo "mundo pequeno".
Pois no capítulo: "Trabalhos Avulsos" da minha autobiografia,
eu relatei a formação de um trio instrumental onde atuariam eu, Cido Trindade e o
cunhado dele, Aru, um rapaz chamado: Luis, um guitarrista com estilo bastante jazzístico.
Pois
bem,
quando perguntei dele (o cunhado, Luis), fui informado que a sua segunda
filha, sobrinha do Aru, era estrela no mundo do Indie Rock
internacional... como
assim? Pois tal sobrinha do Aru chama-se: Luiza e foi guitarrista da
banda
indie: "Cansei de Ser Sexy". Inacreditável mundo pequeno! Quando o Terra
no Asfalto estava na ativa, lembro-me
do nascimento da primeira filha do casal, Luis & Ruth, chamada:
Diana. A
Luiza nasceu depois, cresceu, tornou-se guitarrista, e fez turnês de
cunho mundial
com a sua banda, veja que curioso.
Na
foto recortada acima, a persona de Aru Junior a tocar com o
Terra no Asfalto em março de 1981. Acervo e cortesia: Cido Trindade.
Click: desconhecido
Bem, para falar sobre o Aru, especificamente, tenho
a dizer que trata-se de um músico com sólida formação teórica. É multi-instrumentista,
pois toca bem piano e estudou violoncelo em uma universidade norte-americana.
Como
guitarrista, ele é excepcional e o seu estilo transita entre Steve Howe e Jimmy Page
em doses maciças e com pitadas generosas de George Harrison nessa receita. Bom
vocalista e com talento como arranjador, quando entrou na banda, tornou-a segura,
toda arrumadinha tal como uma orquestra.
Se por um lado perdemos o ímpeto dos
primeiros tempos com a espontaneidade do Gereba e a rebeldia Rocker do Mu, com
o Aru, transformamo-nos em uma orquestra bem ensaiada e muito segura.
Aprendi muita coisa com ele, que era bem
mais experiente. Mas uma lição que eu aprendi com ele e reputo ter mudado a minha
vida, nem tem a ver com teoria musical e diz respeito à mise-en-scène: ele
insistia para que todos os músicos da banda fizéssemos movimentos com o instrumento, pois segundo
dizia: -"o público leigo não entende de música em sua maioria. O sujeito do
público olha e não sabe discernir se você toca bem ou mal. Mas se você agitar-se
freneticamente, o convencerá que você é ótimo".
Nunca mais esqueci-me
dessa dica, e a partir do nascimento d'A Chave do Sol, adotei uma performance de
palco a mais frenética possível, impressionado com essa orientação. Com isso, eu despertei a atenção de fãs e
jornalistas, o que gerou uma aura sobre a minha carreira, ao superestimarem-me como músico. Muito
do que construí na minha carreira, foi graças a essa postura cênica adotada e
decorrência da valiosa dica do Aru Junior.
E sou-lhe eternamente grato por ter tido o
cuidado em escolher a dedo um baixo com extrema qualidade, na América do Norte, que
acompanha-me até hoje, gravou todos os discos da minha carreira e aparece em
dúzias de vídeos e fotos das bandas onde atuei. Realmente foi uma escolha preciosa, pois
esse baixo é mesmo demais como instrumento e foi o meu primeiro baixo com alto
nível que tive, após anos a tocar em instrumentos de segunda e terceira linha.
Esse é Aru Junior, um verdadeiro maestro, com uma vivência enorme na música,
além do talento e alta capacidade técnica. Vá assisti-lo nos shows do Gerson
Conrad, onde é seu guitarrista, e comprove!
Continua...
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