Pois é, foi o que aconteceu. Animados com a voz dessa cantora, além da repercussão ocorrida no show no festival estudantil do colégio Manuel de Paiva, não abatemo-nos a seguir, com os dois shows fracos em termos de público, ocorridos no Café Teatro Deixa Falar, e dessa forma, aceitamos de pronto o desafio de cumprirmos temporada fixa no "Devil's Bar", a então nova casa noturna de propriedade da Dona Sabine.
Para quem viveu a
época em São Paulo, sabe que o primeiro e o segundo quarteirões da Rua 13 de maio no
Bexiga, eram forrados por bares, com música ao vivo.
Tal movimentação atraía uma multidão de pessoas que lotavam as casas e geralmente ficavam centenas de pessoas a caminhar pela rua. Costumava ser uma multidão tão grande, que em dados momentos, tornava-se impossível trafegar com carro por ali, com a massa humana a ocupar todos os espaços.
E mostrava-se engraçado ouvir o som de diversas bandas a confundir-se no vazamento inevitável que invadia a rua. Rock, Blues, MPB, Jazz, Reggae, enfim, ali acontecia de tudo, literalmente.
O Devil's, no entanto, era praticamente um buraco. Dona Sabine deve ter comprado ou arrendado tal estabelecimento por uma quantia irrisória, pois a sua infraestrutura estava péssima. Cozinha imunda, banheiros intratáveis, instalações elétricas precárias, mobília velha e quebrada em muitas peças.
Mesmo assim, aceitamos tocar e pela segunda vez, produzimos cartazetes e flyers para um show d'A Chave do Sol. Lembro-me que
esse material continha o nosso nome, o serviço e uma vaga observação de que
tocávamos "Rock". E como ilustração, nós colocamos uma foto do B.B. King. O
primeiro show foi realizado no dia 2 de dezembro de 1982, e teve quinze pagantes, como resultado.
No segundo dia, 3 de dezembro de 1982, conseguimos melhorar, ao atrair vinte e cinco pagantes e daí, começou um boato a circular pela rua, de que havia uma banda muito louca no Devil's, com um guitarrista que tocava Jimi Hendrix, a imitar a sua performance de tocar com a guitarra nas costas e com os dentes, um baixista alucinado que tocava a usar um chapéu pontudo ao estilo de um bruxo (verdade, usei tal artefato por mera brincadeira no primeiro show e o figurino ganhou notoriedade), e uma vocalista sensacional, que cantava muito, e quando se empolgava, extrapola em sua performance a chamar muito a atenção.
Desse forma, pôs-se a aumentar o público nos shows posteriores e a constituir-se em algo frenético, cada vez mais.
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