terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Autobiografia na Música - Pitbulls on Crack - Capítulo 9 - Por Luiz Domingues


 
O P.A. alugado para o show, era de propriedade deste famoso músico setentista, e ele mesmo operava-o costumeiramente, apesar de contar com técnicos contratados ao seu dispor. Quem conhece-o pessoalmente sabe que ele é um sujeito do bem, mas normalmente é tenso. Não pise no seu calo, pois é estourado, e ele parte para a briga, decidido a não perder. Então, na passagem de som do "Não Religião", o Tatola pediu para aumentar a sua voz no retorno. Não satisfeito com o acréscimo concedido, pediu novamente, e na terceira vez, gritou com ele... eu estava na coxia a observar o soundcheck, e vi o técnico cortar o som, e pendurar-se, literalmente na casinha da técnica, para iniciar uma violenta discussão com o direito a muitos xingamentos etc. O Tatola também era temperamental, ao responder na mesma altura, e após vários impropérios e ofensas à dignidade das respectivas progenitoras de ambos, o clima serenou-se.

Veio o Pitbulls passar o som, e mesmo ao constatarmos que o técnico mostrava-se transtornado, tudo correu tranquilo para nós. Conosco era sempre um clima relaxado, pois os meus colegas não tinham essa característica do nervosismo (e nem eu), muito menos estrelismo.

O técnico pôs-se a acalmar, a entrar em nosso clima descontraído, e rir das piadas do Chris, que nunca parava um segundo em brincar. Quando encerrou-se o nosso soundcheck, ele, o técnico passou por perto e disse-me que tinha gostado de nós, e que eu ia ver como a nossa mixagem seria um "brinco", e a do Não Religião, um lixo...
Claro que desaprovo sabotagens, mas isso era entre eles, e o que eu poderia fazer ?  E de fato, o nosso show foi muito bom, com uma monitoração muito caprichada, ao parecer um disco para nós, e no show do "Não Religião", pareceu uma maçaroca mediante frequências graves, que arruinaram qualquer chance para entender a voz do Tatola. Tudo bem que o som dos rapazes mostrava-se no padrão "Punk' 1977", com aquela pegada de anti-música etc e tal, mas as letras eram significativas, ao bater nas religiões, e sem ser compreendidas, reduziram a banda a uma massa amorfa. E no segundo show, houve uma promoção na bilheteria da casa, e as mulheres entraram gratuitamente. Acho que nunca toquei para uma plateia feminina tão grande (a não ser uma vez com A Chave do Sol, mas conto no seu capítulo, certamente).

Continua...

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