quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Autobiografia na Música - A Chave do Sol - Capítulo 24 - Por Luiz Domingues


Nesses shows que eu mencionei no capítulo anterior, ocorridos nas improváveis datas de Reveillon e Ano Novo de 1982 e 1983, respectivamente, não tínhamos a dimensão de que uma simples fita K7, ofertar-nos-ia a rara oportunidade para preservarmos o único registro sobe áudio, dessa fase da banda, com a vocalista, Verônica Luhr.   

De última hora, o Rubens teve a ideia de gravar e a fita que utilizamos era usada, pois ele a apanhara repentinamente no console de seu carro. Esse gesto aparentemente despojado, tornou-se um tesouro arqueológico da banda, apesar da sua precariedade sonora.  

Do lado "A", registramos um trecho do show do dia 31 de dezembro de 1982, realizado na sala de estar da residência da família Gióia. No lado "B", um trecho do show realizado no Café Palheta's, em 1º de janeiro de 1983. Tal fita ficou engavetada desde então, e só no ano de 2012, eu tive a oportunidade para digitalizá-la, não sem antes, fazer essa tentativa em estúdios profissionais e especializados nesse tipo de conversão, e ao receber a negativa por parte deles, visto que o estado de degradação da mesma, foi bem alto.  

Mesmo assim, insisti, pois sabia tratar-se de um tesouro para os fãs do trabalho e uma homenagem à Verônica Luhr, que era (é), muitíssimo talentosa. Consegui o meu intento, enfim, mas mesmo a vencer essa batalha contra o relógio da deterioração natural de uma velha fita K7, houve outros empecilhos. A gravação em si, foi feita de uma forma precária, mediante o uso de um tape deck caseiro, espetado em nossa mesa de PA Gianinni. 

A microfonação foi a melhor possível para os nossos parcos recursos na época, mas obviamente inadequada para capturar o som da banda, decentemente e pior, sem nenhuma possibilidade de mixagem posterior, é claro. Outro fator agravante, foi que no afã para aproveitar o ínfimo espaço de trinta minutos, algum amigo nosso que operou o tape deck (nesse caso, sinceramente não lembro-me exatamente qual deles o fez), pôs-se a recortar as músicas. A sua intenção naquele momento foi ótima, por que quis aproveitar ao máximo o espaço, mas graças a isso, muitas músicas foram suprimidas. 

Enviei esse material para o Site/Blog Orra Meu, que gentilmente promoveu uma edição, muito simples, com a colagem de fotos e peças do portfólio da banda à época, e dessa forma, assim foi lançado no You Tube, ainda em 2012. São trechos de covers internacionais do Rock, e uma curiosa interpretação de uma canção do Caetano Veloso ("Muito Romântico"), além de Mutantes. Uma pena não haver nenhuma performance com material próprio da banda a conter a voz da Verônica Luhr, mas comemoro o fato de haver pelo menos esse registro preservado.

                    Verônica Luhr, em foto bem mais atual

Sinto-me muito aliviado por ter conseguido salvar ao menos esses parcos momentos, com ela nos vocais d'A Chave do Sol. A banda teria um crescimento gigantesco doravante, após a saída dela, e proporcionou-me inúmeras alegrias e lembranças que guardo com carinho na memória.  

Mas confesso, e já disse isso ao Rubens, que apesar das fases posteriores terem os seus ótimos momentos, esse período de 1982, até o início de 1983, é o meu predileto da banda, por um motivo muito simples: foi o sonho a concretizar-se pelos nossos próprios esforços, ao forjar com determinação, um caminho em meio à selva que é o meio artístico. Das apresentações humildes na clandestinidade do underground, e assim a subir degrau a degrau, com a vontade como única aliada, e por termos sangue; suor & lágrimas, como as nossas marcas da labuta.

Com vocês: A Chave do Sol ao vivo em 1982 & 1983, com a voz da Diva Soul do Jabaquara (bairro da zona sul de São Paulo, onde ela residia naquela época), a grande, Verônica Luhr!

Eis o Link para escutar no YouTube:

http://www.youtube.com/watch?v=BJnuSuN_MAE

Continua...

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