sábado, 16 de janeiro de 2016

Autobiografia na Música - Pedra - Capítulo 148 - Por Luiz Domingues

O ano de 2009 encerrara-se e o balanço para o Pedra foi mediano. Começamos o ano com a grande novidade que seria ter sido enfocado em uma mega reportagem da Revista Veja, a maior do país e consequentemente a se constituir de uma oportunidade de ouro para subirmos um patamar, a pleitear uma chance no mundo mainstream. 

Todavia, a matéria não vingou, apesar do esforço que fizemos para poder estar nela e claro, isentamos o jornalista Sérgio Martins e o seu repórter fotográfico, Otávio Dias por essa falha, por que ambos não tiveram culpa alguma nesse processo frustrante e pelo contrário, também foram prejudicados nessa história. 

E ademais, jornalismo é assim mesmo e eles como profissionais experientes podem ter chateado-se na época, mas rapidamente superaram a perda do esforço empreendido.

                                 Acervo de Junior Muelas

Mas no nosso caso, como artistas outsiders do underground, a perda de uma oportunidade assim teve um outro significado, naturalmente, por estarmos fora do espaço mainstream em que sempre trafegamos (e neste caso, a raciocinar individualmente, eu computo a carreira inteira e a absoluta semelhança que o trabalho do Pedra teve, em termos de dificuldades, com trabalhos pregressos meus). Mas a vida seguiu sem o glamour de estarmos nas páginas da Revista Veja. 

Voltamos ao nosso dilema crônico, quando vimo-nos sem a ilusão da reportagem e a discussão da necessidade de abrirem-se caminhos para apresentarmo-nos. Sem um empresário dinâmico e astuto o suficiente para gerir tal necessidade que tínhamos, fizéramo-nos representar por pessoas de boa vontade, porém sem traquejo algum com o show business para tentar inserir-nos de vez no circuito do Sesc. Contudo, a despeito de sua boa vontade e esforço pessoal, não conseguíamos lograr êxito.

Então, lá fomos nós de volta aos questionamentos internos, a se estabelecer uma desgastante sequência de "DR's"("discussão da relação"), que só minavam a já não tão boa convivência interna da banda. 

Tocar em qualquer casa noturna, como muitas de nossas bandas de amigos faziam sem parcimônia e a enfrentarmos plateias formadas por bêbados desinteressados para absorver uma música mais cerebral como a nossa, ou só tocarmos em palcos mais nobres com infraestrutura condizente para a nossa arte mais sofisticada que o Rock festeiro ou peso-pesado que os nossos amigos praticavam e que consequentemente não enxergavam dificuldades para expressarem-se e interagir com tais plateias? 

Nessa gangorra emocional, a banda oscilou e isso aconteceu muitas vezes em 2009, pois com outras bandas a nossa volta a construírem uma agenda mais robusta, frustrávamo-nos em termos tão poucas chances de apresentarmo-nos ao vivo. 

E quando essa pressão aumentava, decorrente do fato das boas oportunidades mais adequadas às nossas necessidades técnicas que não surgiam, nós partíamos para a experiência de apresentarmo-nos em casas noturnas dessas características e então ficávamos frustrados com a reação gelada de plateias formadas por rapazes e moças completamente desinteressados em ouvirem uma banda autoral cujo trabalho detinha complexidades inerentes em sua proposta artística e sobretudo, de nossa parte, não havia nenhuma intenção em entretê-los em suas noitadas regadas a bebedeiras.

Além disso, a péssima qualidade de estrutura da maioria dessas casas foi um fator a atrapalhar-nos e frustrar-nos duplamente. 

Entre a cruz e a espada, recolhemo-nos novamente ao estúdio, e criamos mais cinco músicas de extrema qualidade. Nesse aspecto, 2009 foi bom, não posso negar. 

E por fim, houve uma luz no final do túnel, ao recebermos um convite irrecusável da parte do jornalista Sérgio Martins e dessa maneira, participarmos de um programa de internet com a chancela da Revista Veja, portanto, foi uma oportunidade tão boa quanto a que tivemos no início do ano, da parte do mesmo profissional, a representar a mesma publicação. 

E assim encerramos 2009, com canções novas de muita qualidade e prontas para serem lançadas em um eventual novo disco e com a perspectiva de dar um bom salto na carreira, ao ser apresentado a um público muito maior que o do nicho do Rock underground, onde transitávamos normalmente, graças a uma grande oportunidade que tivemos no final do ano, mas que só iria repercutir mesmo no início de 2010.

                               Acervo de Fabiano Cruz
 
Continua...                    

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