segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Autobiografia na Música - Pedra - Capítulo 166 - Por Luiz Domingues

Foto realizada no dia dessa reunião que ventilou a proposta de volta do Pedra, a visar finalizar o álbum interrompido de 2011. Em pé, Ivan Scartezini e Xando Zupo. Sentados: Eu (Luiz Domingues) e Rodrigo Hid. Foto: Grace Lagôa
Diante desse turbilhão, caberia de novo o haver Pedra na minha vida? Por respeito à obra e aos companheiros, eu aceitei o convite em fazer parte dessa volta, mas nitidamente não foi a mesma motivação de outrora em minha vida, portanto, ao contrário da expectativa dos companheiros, não teve o mesmo efeito de alegria que eles estavam a experimentar por tal volta das atividades. Foi de certa forma, a repetição da situação às avessas quando da resolução de se encerrar a trajetória da banda com eles favoráveis e eu não, só que agora ao contrário, com a expectativa de volta das atividades da banda.
Quando a foto tirada no dia da reunião, foi publicada na rede social Facebook, suscitou muitas especulações. O Xando, que sempre adotou postura mercadológica de fazer promessas em público em nome da banda, esboçou a intenção de usar a foto como motivo para tal, mas desta vez eu pedi-lhe para não precipitar-se, ao não escrever nada. Daí, ele apenas a postou, a insinuar de forma fortuita que encontráramo-nos naquele dia para tomar um café, em meio a uma reunião de ex-colegas, meramente fraternal. 
Menos mal dessa forma, sem falar em "volta", "disco a ser retomado" ou qualquer outra coisa. Todavia, como eu já disse, a especulação foi grande e muitos comentários postados deram conta da criação de um boato. 
Pelo inbox, muita gente procurou-me a perguntar, inclusive jornalistas, mas eu não confirmei nada, apenas disse que talvez houvesse uma possibilidade, e que aquela reunião fora motivada para promover um café e conversa entre colegas de uma banda extinta. 
Eu (Luiz Domingues) no dia do último show do Pedra em 2011, no Melograno Bar, de São Paulo. Foto: Sandra Lozada
Outro aspecto, ainda a falar sobre essa reunião, eu tive que deixar bem claro que aceitava fazer parte desse projeto, mas que não sairia de forma alguma das demais bandas em que estava a tocar. 
Não haveria nenhum cabimento em que eu pensasse em deixar Os Kurandeiros, e o Nudes, supostamente pelo fato do Pedra estar a voltar à cena e nessa altura dos fatos, com quase cinquenta e dois anos de idade e trinta e seis de carreira, a minha concepção romântica acerca da fidelidade a uma só banda, fator que carreguei a vida toda com rigidez ferrenha, já não existia mais. 
Adaptado à realidade moderna e graças aos próprios Kurandeiros que desdobravam-se no Nudes, também, praticamente, eu já não raciocinava nesse parâmetro ético antigo, nessa altura. 
Feitas tais considerações, os primeiros passos dessa volta das atividades do Pedra foram marcados pela análise do material que tínhamos a ser resgatado para a possível finalização do disco interrompido. 
E nesse caso, o Xando sinalizou que poderia aproveitar algumas músicas que havia composto e gravado durante o hiato pós-fim do Pedra em 2011. De fato, ele havia criado um combo chamado: "Mulad Trem", com a presença do Ivan Scartezini, além de Marcião Gonçalves no baixo, e o extraordinário, Diogo Oliveira na guitarra, e além de dois músicos que eu também conhecia e havia interagido nos tempos iniciais de minha entrada n'Os Kurandeiros: a cantora Renata "Tata" Martinelli e o saxofonista, André Knobl. 
Ambos músicos super talentosos, interagi muito com os dois em vários shows d'Os Kurandeiros entre 2011 e o início de 2012.  
"I Was a Telling Lie", de James Taylor, na interpretação do Mulad Trem. Ensaio gravado no estúdio Overdrive em 2012. 
https://www.youtube.com/watch?v=aV6jeCO5flQ

Tal banda gravou algumas músicas e chegou a lançar um material bom para a internet, filmado ao vivo e com ótima qualidade de áudio e imagem, a mesclar com algumas releituras, inclusive de música internacional. Pelo que eu vi, pareceu que os seus componentes queriam buscar mercado para tocar na noite, a executarem um repertório inspirado no Soft-Rock setentista de qualidade, via James Taylor, Carly Simon e afins. Bem, desse trabalho, o Xando cogitou pensar em resgatar algum material que encaixasse-se para o novo trabalho do Pedra. 
O Rodrigo também detinha algumas canções novas compostas e dessa leva haveria de sair uma nova safra para dar início aos novos esforços. Assim, entre junho e outubro, passamos a resgatar a rotina de anos anteriores, com o ensaio semanal as segundas, um dia estratégico para uma banda cujos membros tocavam em outras bandas, e geralmente mantinham as quintas, sextas e sábados comprometidas com apresentações pela noite paulistana e a novidade foi que nessa nova realidade, eu também estava nesse rol de músico comprometido com outros trabalhos.
Eu (Luiz Domingues) em ação com Os Kurandeiros de Kim Kehl. Foto: Natália Eidt, em 2011

Continua...

Nenhum comentário:

Postar um comentário