sábado, 30 de janeiro de 2016

Autobiografia na Música - Pedra - Capítulo 180 - Por Luiz Domingues

A primeira oportunidade foi um show compartilhado com os amigos do Tomada, no Centro Cultural São Paulo. Finalmente estávamos de volta ao Centro Cultural São Paulo e de fato, não tocávamos ali desde 2009, quando tratara-se de uma autêntica rotina cumprirmos ao menos uma apresentação anual. 
Mas o órgão em si havia mudado as regras e mesmo ao manter o mesmo programador, que eu conhecia desde os tempos do Pitbulls on Crack e que agendara todos os shows da Patrulha do Espaço que ali fizemos em nossa formação "Chronophágica", marcou negativamente no sentido de que até para se conversar com o programador (que era um hippie da velha guarda, chamado: Nilson), e que anteriormente recebia-nos de forma muito coloquial, ficara difícil doravante. 
Lembro-me até de uma visita que eu e Xando fizemos ali no escritório da direção do CCSP, para tentarmos agendar um show e que ele tratou-nos de forma estranha, como se estivesse receoso com pessoas à sua volta, que supostamente vigiavam-no e dessa maneira, ele exortou-nos a falarmos baixo, aos cochichos e ao mesmo tempo, mostrava-se não focado na conversa, a olhar para todos os lados com ar de preocupação acentuada, a nos causar estranheza. 
Em um dado instante e para piorar ainda mais a estranha situação ali instaurada, ele convidou-nos a irmos com ele para um outro ambiente onde concluímos a conversa, mas sem que nenhuma providência concreta fosse tomada para marcar-se enfim um show.
Em épocas passadas, acostumáramo-nos a vê-lo abrir a agenda e perguntar-nos: -"Em quais dias vocês querem tocar?" Portanto, foi uma diferença e tanto na forma de negociação dentro dessa nova realidade e mudança essa para muito pior, naturalmente.  
Todavia, o baixista do Tomada, Marcelo "Pepe" Bueno havia conseguido a data e na obrigatoriedade de se estabelecer um show compartilhado como condição sine qua non para fechá-la, indicou-nos, gentilmente. Enfim, não foi através das condições normais pelas quais habituáramo-nos, mas pelo menos um show marcado tivemos e nós estaríamos de volta ao palco do Centro Cultural São Paulo. 
No dia da apresentação, eu fui o primeiro a chegar e a seguir, o Marcelo Bueno apareceu. Ficamos ambos a conversar por um longo período, a esperar o teatro ser liberado, pois à revelia e nós só descobrimos no dia, uma apresentação de música folclórica fora programada para o meio dia, portanto, até esta terminar tal espetáculo e o palco ser liberado para nós, tal operação consumiu seguramente duas horas do tempo que achávamos que tínhamos.
Essas medidas arbitrárias sempre contrastavam com o rigor burocrático do Centro Cultural São Paulo, a estabelecer uma via dupla desigual, sem dúvida. 
Quando a pequena orquestra folclórica encerrou a sua apresentação e o público formado por crianças e seus respectivos pais deixaram o teatro lentamente, já batia na casa das quatorze horas e se não fôssemos ágeis, o soundcheck arrastar-se-ia e inevitavelmente passaríamos pelo martírio de estarmos ainda a terminá-lo e com muitas pendências não resolvidas, com um funcionário do CCSP a pressionar-nos para deixarmos o palco imediatamente por que abririam para o público. 
Em ritmo de cooperação total, o backline foi todo compartilhado entre as duas bandas e na base do mutirão, conseguimos agilizar o processo a tempo de um soundcheck bacana. 
Não teríamos o Renato Sprada nessa tarde, mas o técnico do CCSP, que foi um assistente nos anos anteriores, havia crescido na sua carreira e nesse instante foi o técnico oficial do teatro e dava conta do recado com qualidade. Molina foi a certeza que mais uma vez a iluminação foi ótima em suas mãos.  
Camarim do Centro Cultural São Paulo em agosto de 2014. Da esquerda para a direita: Laert Sarrumor e sua filha, Lígia Sarrumor, Luiz Domingues e Xando Zupo  
Antes do show começar, eu recebi a visita de Laert Sarrumor e da sua filha, Lígia. Laert não poderia assistir o show por conta de um compromisso assumido naquela noite, mas a sua filha que também era grande fã de nossa banda, prestigiou-nos. 
O Tomada insistiu para tocar primeiro e lembro-me bem que eu assisti o início de seu show atrás do palco. A banda estava ótima e essa formação foi de fato muito boa com Vagner na guitarra, e Matheus nos teclados. Aliás, este levara consigo uma tecladeira incrível ao estilo anos setenta, mas baseado em teclados brasileiros construídos por um luthier especializado em construir instrumentos modernos, mas com design e sonoridade vintage. 
O Rodrigo usou todo esse set de teclados e eu gostei de fazer o show a ouvir aqueles timbres incríveis de bandas setentistas. Até um Theremin esteve à disposição, para dar ares psicodélicos aos shows.
"Furos nos Sapatos" no CCSP em 10 de agosto de 2014. 
Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=-pWL6EDEfAw

"Pra Não Voltar" no CCSP em 10 de agosto de 2014. 
Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=AqGxw7CAQKA

Intro com menção à Jesus Christ Superstar + Madalena do Rock'n Roll no CCSP em 10 de agosto de 2014. 
Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=8VqnYjV2tD8

"Queimada das Larvas dos Campos Sem Fim", no CCSP em 10 de agosto de 2014. 
Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=AtRofjLcsvc

"Cuide-se Bem" no CCSP em 10 de agosto de 2014. 
Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=jRNre3-Be3A

"Filme de Terror" no CCSP em 10 de agosto de 2014. 
Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=MHGaaB2hxE0

"To Indo a Mil" no CCSP em 10 de agosto de 2014. 
Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=qka1zgHaWPw

Um medley do show do CCSP em 10 de agosto de 2014, em filmagem de Bolívia & Cátia. 
Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=JLRSWdsFqOc


Marcelo estava a estrear um novo baixo recém adquirido, um Gibson Les Paul dourado, muito bonito e ofereceu-me para eu usá-lo. Pensei até em usá-lo em duas músicas ao menos, mas optei a tocar o show inteiro com o meu Fender Precision, mesmo. 
Pedra no Centro Cultural São Paulo em agosto de 2014. Fotos 1 a 3: Grace Lagôa. Foto 4: Bolívia & Cátia e foto 5: Leandro Almeida
 
O nosso show foi bom, embora o recado tenha sido curto naquela noite, pelo fato do show compartilhado reduzir o set list de cada banda em apenas quarenta e cinco minutos para cada uma. 
 
No entanto, eu tenho a boa lembrança desse show, por haver sentido uma vibração muito boa que adveio do público, embora mais uma vez eu achasse que em um domingo de tempo bom, com estação do metrô acoplada ao local,; som e iluminação adequadas, duas bandas autorais com carreiras longas e a tocarem na mesma noite e sob um valor irrisório de ingresso cobrado... enfim, nada justificou um público tão pequeno diante dessas tantas condições favoráveis. 
 
Na minha carreira, eu havia me apresentado ali naquele mesmo palco com mais de mil e trezentas pessoas presentes no teatro, nos anos oitenta, e nesse instante como um sinal desalentador dos tempos, apenas duzentas pessoas era considerado um bom público...

Eis a capa e contracapa do CD coletânea "Independência ou Morte", a representar o Site "Nave dos Deuses" e o selo "Lado B" 

Uma novidade boa veio em forma de convite, quando o produtor cultural, José André, ventilou o lançamento de um CD coletânea chamado: "Independência ou Morte" a representar o seu ótimo Site, "Nave dos Deuses", um dos maiores baluartes em prol do Rock Brasileiro, em parceria com o selo "Lado B". 
 
Enviamos o fonograma da música: "P'ra Não Voltar", single gravado e lançado em 2010, para representar-nos nessa produção. O nosso próximo compromisso aconteceria em Santo André-SP, na região do ABC paulista.
                                   Foto: Paulo Krüeger
Continua...

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