sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Autobiografia na Música - Pedra - Capítulo 156 - Por Luiz Domingues

Recebemos mais um convite para participarmos de um programa de baixa audiência, a ser filmado ao final de agosto de 2010. Tratara-se de um programa denominado, "Music All", veiculado através de um canal comunitário da grade da operadora de TV a cabo Net, genericamente chamado como: "Net Cidade", contudo, isso não foi uma exclusividade, pois mais canais assim existiam na grade dessa operadora, com o mesmo título.
Infelizmente, tratara-se de um canal obscuro, talvez justificado por ser alguma contrapartida que a operadora tinha o dever de fornecer, obrigada pelo poder público, como forma sine qua non para estar regularizada, acredito. Aceitamos participar, ao pensarmos na pequena vantagem que nós teríamos, dentro da linha de raciocínio que eu já expressei amplamente em capítulos anteriores.
A gravação seria feita em um estúdio localizado na Avenida Gilda, na cidade de Santo André-SP, na região do ABC paulista e assim fomos informados que o programa teria uma duração aproximada de uma hora, a intercalar entrevista e a performance da banda ao vivo, para tocar entre seis e oito músicas, claro, ao se considerar uma metragem média de 3 a 4 minutos para cada música, sob um padrão Pop radiofônico e tradicional.
Portanto, se o canal e o programa em si, provavelmente dar-nos-iam uma visibilidade muito diminuta, tamanha a sua insignificância em termos de audiência, ao menos teríamos espaço para tocarmos ao vivo e com razoável tempo para darmos uma mostra do trabalho e melhor ainda, a tocarmos normalmente mediante o nosso padrão e a não necessitar submetermo-nos ao desconfortável formato "acústico".
Assim ensaiamos, então. Escolhemos uma boa mescla de canções dos dois discos lançados e de certa forma, a privilegiar mais as canções inéditas que estavam a serem lançadas como peças avulsas em 2010, com direito a promos de Internet.
Recebemos instruções da produção do programa de que no pequeno estúdio onde seria feita a filmagem, haveria um equipamento disponibilizado, mas que nós poderíamos levar backline próprio, se assim o desejássemos. Resolvemos então fazer uso de parte do nosso equipamento, sob uma versão reduzida para o ambiente de um estúdio de TV bem diminuto.
Outro aspecto que disseram-nos, foi que esse pequeno estúdio de TV mantinha uma pequena arquibancada e que poderíamos convidar até vinte pessoas para assistir e que isso seria bom para haver um quórum popular ali, ao nos garantir um clima favorável, com gente a bater palmas, apoiar com o calor humano, enfim.
Dessa forma, ainda a engatinhar no uso do computador e a interagir pelas redes sociais, nessa altura eu já detinha cerca de setecentos "amigos virtuais" na Rede Social Orkut, mais de duzentos no Messenger e cerca de mil no Facebook, rede esta que eu havia recentemente aderido, a abrir conta e por ter sido assim, tratei por convidei pessoas que havia conhecido virtualmente e que sabia que gostariam de ver o Pedra em ação por meu intermédio e moravam em cidades da região do ABC, a reforçar a lista que a banda já tinha com presenças garantidas, notadamente os fãs-fidelíssimos, Fausto e Alessandra Oliveira, o casal infalível em nossos shows, e que por acaso, moravam em Santo André-SP.
Pedra + equipe técnica da banda + apresentador do programa + amigos que prestigiaram a filmagem no dia

Em suma, rapidamente a lista de presenças foi preenchida e assim, fomos para essa filmagem que realizou-se no dia 19 de agosto de 2010.

Chegamos ao pequeno estúdio e soubemos de antemão que eles gravavam vários programas a cada sábado, portanto, houve ali a presença de um Power-Trio a tocar antes de nós. 

Se tratou de um grupo formado por meninos muito jovens e esforçados, mas nitidamente iniciantes na carreira, pois o seu som mostrava muita fragilidade musical, contudo, compensavam a falta de técnica com muita força de vontade. 

Mobilizamo-nos a ajudarmos os nossos roadies, e nesse dia, o meu primo, Emmanuel Barreto, que fora roadie do Pedra no ano de 2006, e um entusiasta da banda desde sempre, esteve presente conosco, também.

Pelo fato do estúdio ser pequeno, tivemos que fazer uma "ginástica" para acomodar o nosso equipamento e instrumentos, ao visar não atrapalhar os bastidores bem tumultuados com equipamentos de outras bandas que já estavam de saída e uma outra que adiantada, gravaria depois de nós. 

E pelo que verificamos, o programa se mostrava eclético, a despeito de ser obscuro, pois abria as suas portas para qualquer tipo de música. Antes de nós tocara esse Power-Trio pesado, a tentar fazer um som na linha do Hard-Rock, mas depois de nós, seria a vez de uma banda de Reggae.

Os técnicos de som e da filmagem foram simpáticos e apesar da absoluta pressa caótica que ali reinou para se filmar uma banda e iniciar logo a seguir a filmagem da próxima, não foram grosseiros conosco que eu lembre-me, mesmo ao trabalharem sob uma pressão caótica, com o tempo exíguo. 

O visual do cenário foi bem simples. Ao examinar ali in loco, pareceu-me tudo minimalista e simples, mas depois que vimos o resultado na TV, dias depois, a impressão que tivemos foi satisfatória ao se considerar ter sido uma produção de uma simplicidade franciscana.

Uma particularidade desse programa, foi que por eles não terem na época condições de fazer uma edição caprichada de áudio e imagem, acostumaram-se a filmar em "tomada única, como se fosse ao vivo, a relevarem erros. O apresentador sabia disso e estava acostumado com tal disposição espartana a lembrar os primórdios da TV no Brasil e a produção avisou-nos para agirmos igualmente. Portanto, uma banda mal ensaiada dar-se-ia mal com tal predisposição, pois não haveria meios de consertar-se erros crassos, fora as eventuais gafes faladas durante a entrevista etc.
Fizemos, a pedido da produção, um clima sonoro para o apresentador começar a sua introdução e isso foi bem interessante, pelo improviso e a seguir, nós executamos as nossas músicas.
Entre o bloco das primeiras músicas executadas e o bloco de entrevista, fomos instruídos a tocar a última música, desligar os amplificadores e a cumprirmos o máximo de silêncio possível, para irmos sentarmo-nos na pequena sala de estar onde a entrevista aconteceria no outro canto do estúdio, e assim que terminasse a conversa, voltarmos rapidamente ao palco e que voltássemos a tocar... em suma: foi hilário fazer isso!
O objetivo deles foi minimizar ao máximo os erros e o programa ser filmado em tomada único, sem interrupções e sincronizado como se estivesse a ser filmado e editado ao mesmo tempo. Senti-me a participar de um teleteatro ao vivo, na TV dos anos cinquenta.
O resultado final ficou satisfatório, apesar das precariedades todas, e resultou em se tornar portanto, uma peça interessante para o videofólio da banda, exatamente como o programa, "Musicban" que graváramos em abril do mesmo ano.

Quando informaram-nos sobre a data em que seria exibido o programa, eu fiz uma divulgação maciça, a espalhar as coordenadas para todos os meus contatos das redes sociais em que estava a interagir na ocasião. 

Gastei dias nessa operação, mas não reclamei disso, pelo contrário, estava a apreciar a prerrogativa de ser útil à banda, ao aprimorar-me no uso da ferramenta de divulgação nova para o meu caso, que foi a Internet.

                       A culpa não foi minha, amigos virtuais!

Contudo, no dia e horário prometidos, uma outra banda foi exibida no programa. Isso gerou uma frustração tremenda e eu tive que responder dezenas de pessoas que cobraram-me uma explicação. E não havia simplesmente algo razoável a ser dito, pois os produtores dessa atração televisiva haviam informado-nos erroneamente
Alguns dias depois, finalmente foi ao ar e aí, sim, despertou muitos comentários positivos e em paralelo, a cada dia eu abria mais frentes para a banda nas redes sociais, mesmo ao ser um usuário muito incipiente ainda e mal a dominar o be-a-bá de um computador.
Não encontrei o programa postado no YouTube para anexar aqui. Assim que houver uma novidade nesse sentido, posto aqui, naturalmente. Em setembro, houve uma oportunidade ótima de primeira que nos foi ventilada no âmbito radiofônico através de uma emissora grande no mercado.
Continua...

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