sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Autobiografia na Música - Pedra - Capítulo 132 - Por Luiz Domingues

Iniciamos com uma energia muito forte, no afã de ganhar o público não acostumado à nossa música e o Pedra detinha essa carência por não estar exposto na mídia e quando enfrentava um plateia desconhecida, padecia por não conseguir estabelecer uma sinergia adequada. 

Não havia nada de errado com nossa música, muito pelo contrário, o padrão de excelência das nossas composições se provava como ímpar, todavia, a mais simplória das razões fazia sempre com que a empatia não fosse estabelecida imediatamente e isso foi uma grande pena e claro que frustrava-nos como artistas.

E tal razão foi que o Pedra não se colocou como uma banda que encaixava-se em casas noturnas orientadas para abrigar "baladas". A sua música mais cerebral, digamos e por isso, extremamente bem elaborada & arranjada, não poderia ser absorvida por plateias não interessadas em desejar receber tal carga artística de uma forma deliberada. 

Portanto, o que aconteceu foi que o ânimo da plateia foi arrefecer-se paulatinamente a cada música que tocávamos.

Independente disso e sabedores que a despeito do frenesi que seria ótimo causarmos, mas não conseguimos, o que esteve em jogo ali também foi cumprirmos uma boa performance para os repórteres da da revista Veja que cobriam o nosso show. 

Não foi o mote da reportagem, sabíamos, mas claro que uma performance boa deveria impressioná-los e muito provavelmente respingaria na matéria em si e isso tornara-se muito importante para nós. 

Lembro-me do fotógrafo, Otávio Dias, a falar-me posteriormente, que logo que começou o show, ele havia achado que eu fui o mais "elétrico" no início do espetáculo e naquele conceito bem do métier dos audiovisuais e cuja fotografia também faz parte, ele focou mais na minha performance, ao considerar que eu estava a "explodir".

Foi verdade, pois com a necessidade de imprimir uma boa performance e tentar ganhar o público, não haveria de ser pelo repertório que eles ignoravam retumbantemente, mas pela explosão do mise-en-scène e devo esclarecer que todos tocaram ao darem o seu máximo, não fui só eu, embora o Otávio tenho captado um entusiasmo maior da minha parte naquele instante. 

Enfim, tocamos o set list completo e apesar da sinergia não conquistada em São José do Rio Preto-SP, a missão foi cumprida ao meu ver, pois demos o nosso melhor.

Voltamos para o hotel extenuados na somatória viagem/show e pudemos descansar bastante, visto que a distância entre São José do Rio Preto e Ribeirão Preto é de 203 Km, aproximadamente, portanto, não careceua que viajássemos logo pela manhã e assim, tivemos uma boa noite de sono reparador...

O cartaz do show de Ribeirão Preto-SP, no dia seguinte. Acervo e cortesia de Junior Muelas

Continua...

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